quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Das meias


Eu dou falta da gente esquecer que namora e passar a se enamorar de novo. Que nem quando só se podia rir ao seu lado, ou cantar, e não importava que eu esquecesse a letra. Era fácil fazer um pout pourri. Quando a gente completava as frases, e não as revidava, era bom que nem bolo de chocolate. Ou mais.
Quando a gente não precisava provar quem estava certo, porque a coisa mais acertada eram nossas mãos enlaçadas. Que nem quando a gente tinha sido namorado desde sempre e você acertava a cor das minha meias à distância. Lágrimas de rinocerontes e era certo que ficaríamos sozinhos, mas, estando juntos, éramos inteiros e podíamos discordar de Platão e de Marx com a mesma intensidade que descobríamos as vírgulas do Pessoa.
Eu dou falta de não ter que ser ninguém, e já ser tudo o que você queria. De sentir que você estaria lá quando eu precisasse. E que não cuspiria no meu umbigo quando eu já estivesse rachada.
Mas hoje minhas meias são exaustivamente vermelhas. E eu te amo, seu moço. Ainda além.