quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Ato bagunçá o som
batuque batuque batuque
Ô bato no quê?
Um par de palmas batendo no chão
chh chh chh mexe chacoalhão

parr parr para, ai!

bate na menina não
bate rápido no chão
deixa o som crescer na mão
deixela sacolejar a bacia e o saião.

domingo, 14 de setembro de 2014

a fala
afaga
mas
não
(con)
vence.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

amor bruta,

a atritar forte entre os dentes.
parece um elefante.
ou uma formiga carregando essas coisas grandes e que não dá para acreditar
olha lá. para dentro do formigueiro. e terra tanta no meio dessas insetinhas.
num teso estar entre os corpos.

como terra. recheio mar. bato no liquidificador, inda ponho morangos.
feito caranguejo, gosto água areiada com sal. amor, não lhe fujo, e lhe gulo.
mandinga!

quiseram amarrar o amor
onde será? No poste, não sei



pra que maldade tanta?
arrê, cuidado que se amarrar pescoço inda mata
quer prender na marra
nó, nó, nós. nunca firmes porque não soltos

virgê, tão vindo com us pau
tem fogo nas vela, búzios nas mão.
surrar o amor sangrar, é míssil?

valha-me, melhor correr
cupido tá vindo armado
flecha mata o corpo, misinhô. pergunta prus índio.
amor morto vale de nada

cruzes.
lá vai o amor encontrado!
lá vai o amor carregado!
lá vai o amor encordado pernas e braços!
lá vai o amor batendo batendo batendo.
estraçalharam o amor bem ali na sala, cê viu não? porque era teimoso.
daí sentaram ele adequado. mas elefante bom não cabe no sofá.
depois disseram que era lição. junção. paixão.

acharam bonita a aliança. matança. vigil-
ânsia.
vizinhança gostou da aparência. depois teve inveja.
mas primeiro gostou.

amor ensosso.
esse gosto das primeiras sopas de quem não sabe cozinhar e tempera com
...
...
nada contra sopas. mas é que o amor murchou. escorreu.
tá branquinho, dizem que é porque é limpo.
não é.
é porque perdeu o sangue se perdeu
agora tem registro, papel e paredes, a modo de se fechar. tá circundado no dedo.
justo ele: bicho solto
que nem tamanduá, gazela, gente.

ele, que nem sabe nem tem.

amor, nem nome por.

domingo, 13 de julho de 2014

O caso é findo
deixei na casa uns grampos
e fui, rindo.
Soltos cabelos soltos solta eu.

Não voltei, não voltei, não é rei.
Do meu peito não é rei.
Xô pra lá, moreno moço.
Se não há mar sob seu teto,
Nunca vida me grampearei.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

menina dos olhos 
rios castanhos do barro
menina d'água d'água dá
cobre. guarda. doura a dor de ouro.
raspava a cabeça a cor do sol deixava
ensinou a ir estirando os versos ir deixava
deixava ir deixava ir iê iê oxê que tudo que é fica.
mãe dona da minha cabeça, ora iê iê mamãe oxê um tudo que sou.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Evoé aos insultantes de uma ordem pequenética

- Com o ensejo do Jardim Minado e o perdão de Pedro Tostes -

Esses são poetas que
nunca cairão no vestibular.
Se caírem, retiro o que disse.
Mas esses poetas
,destemidamente,
nunca cairão no vestibular.

Por suas línguas serem tortas,
                       afiadas e
                       gostosas,  ô mãe,
não podem caber lá.
Por beberem cachaça e repetirem
                     repetirem
                     repetirem
                     aos diabos quantas doses.
Por rirem gargalhando,  palavrônicos.
Por cantarem do beco as coisas mais sujas.
Não podem. Não devem. Desgraça caírem lá.

Por essa sociedade claustrofômica, dinheirista,
compulsoriamente internética,
escondendo o gozo no embrulhado do lençol. E pondo para lavar.
Por essa triste mania de chamar desejo de sonho.
E trancar entre quatro paredes.
Por tudo que a gente nega, mas quente.
Não ousem por eles lá.

Êta vida que as coisas mais só podem ser ditas baixando a voz.
Enquanto fores, eles foda.
Se tiverem que cair,
que seja no chão embaralhante.
Nos braços deliciosos de outro alguém. Outros.
Ou nas línguas
,inda piores,
dos críticos.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Amor é fósforo
arriscando o fogo.
Arisco, risca.
O corpo, em risco,
teima.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Roncô

A cuíca quando ronca
Parece que ri
parece que apronta.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Eu lhe bebia

Um riso
solto
na noite.
A madrugada
que somos.
A dança,
compomos
um ritmo
novo
antigo
nosso.
O gosto
do vinho
emana
dos olhos.
O gosto.
É uma chuva pouca essa lágrima, meu bem. Não se assuste.
O triste,
não.
O inteiro.
O abraço,
à esmo.
O braço
A mão
A língua
O corpo
Em coro:
O gozo.
E tudo
o que
vale
a pena.
E tudo
o que
vale, 
apenas.
Valha-me.
Vala-me.
não me deixe
quebrar.
Não me deixe
só,
pessoas
existem
fora.
Ai.
Perdi
meu rumo
você aqui,
navio.
De repente,
amei.
E amava
de novo.
Pronto.
Mais um motivo para a noite ser feliz comigo.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Ai chuva em mim

Eu, seca.
É a casa que guarda a água que a chuva queria fazer-me molhar,
É ela que encharca.
Eu, abrigo.
E nem por isso chovo menos.

Eu chuvo quando há chuva,
Chuvo quando a chuva chora.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Axé

Quero saber teu orixá, menino,
assim desvendar a semântica dos teus sorrisos.

Os teus olhos é que me avisaram
a imensidão que me esperava nos abraços.
E tudo o que viria. Virá.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A morenar

Quando o menino do mizuno percebeu 
o carrancudo verme a carrancar 
emporretado em sua direção, 
papai Noel nenhum acudiu.
Era o fim do rolezinho
e voltar embora "para a puta que te pariu".
Alguns dizem aprovar, em enquete,
o que parecia ser só medida cautelosa
contra a enegrecida epiderme.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A Mar

O amor tem
qualquer coisa de
entrega. De fazer-se ilha
à revelia do continente
para ser um todo com
O mar.
A mar. É sal também.

O amor tem qualquer coisa de
queda. Se a palma da mão
amada se arma
em punho fechada e não
Te segura. Não te sacode.
Ou não te alcança.

O amor é a areia indesculpável
em nossa pele transbordante de
amaresia. É o fundo estrelado
de um poço intempério.
É A Mar. O que o amor é.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

YéYé Omó Ejá

Voo de peixe
alçado para fora do mar.
Benevolência dançante do filho
que sabe das águas que o vão regar.

Toma minha cabeça, ô mãe d'água.
Que eu te levo, enguia,
no pescoço. Deixe-me dormir
no seu regato, que eu sô rio,
rio. Só. Anseio o encontro.

Abebé em mão,
moça do ventre fecundo.
É em você que
hei de desembocar.
Rainha das ondas. Serei - A.

Do mar, seremos.
Já é dia
dois de fevereiro
neste Brasil de
pele escura.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O fusco confisco luso

Naquele dia
porcos barbados em
vestimentas enjaulados
vieram nas árvores
- enormes -
pelo mar.
Confundiram
sem
fundir.

Até hoje chamam Pindorama de Brasil.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Grito I No Sente

Todo labirinto tem um fim. E eu, tão pequena. Formiga de mim, só conheço os cinco palmos que me cerceiam. Talvez nem isso. Mas eu sei que em alguma hora eu alcanço essa borda iluminada que eles chamam de solução e transformo esse escuro em pas... paz... passou.
Tenho medo de descobrir que os caminhos nos fizeram diferentes. Que besteira. Eu ainda quero o meu lugar no sofá. A minha cama. A minha colcha. Cultivo as minhas memórias com a vontade única de que elas se tornem esperança. Vai ver elas entram sorrindo pela porta e me abraçam. Sabe que eu sei que os tempos são, por natureza, difíceis. Mas para que são? Para quem?
Parece que o dinheiro só nos deu rancor. Parece que você nunca entendeu que não é a falta. Ou o excesso. É o que ele não. Nunca. Homem pós-moderno, capitalista, pseudo burguês intelectual: guarde por hoje seu terno. Guarde o mundo em seu bolso nú e abra a janela, mas não respire.
Não há mais bares na cidade. Não há mais música que lhe dê corda. M
                                                                I
                                                            N
                                                         G
                                                            U
                                                               O
                                                                  U sua vontade pelo violão - sempre embaixo do braço. Tenho medo de que este seja o fim. Bem no meio do labirinto. E se fico muda? Nunca tronco, árvore nada. Ninguém me busca se eu não grito? Laroiê, peço licença para o socorro. Quem foi que disse que eu não quebrava?                

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Cozinha Simples

O acertar de sua lança
é um sorriso semi-aberto
e o gingar de seu corpo lavando louça.
Que bonito que é,
arrumando a cozinha,
diminuindo os pratos da pia,
secando os copos.
Sem que a mão lhe caia,
               a preguiça lhe cobre,
               ou o  couro lhe coma.

Que bonito que é,
ver um homem
  sendo homem.

E o dia? Era mais um. Porque isso não era uma revolução.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Ogunhê

O gume era certeiro:
pedi-lhe um beijo, e ele,
arrepio-me. Eu rio
pelo horizonte de suas
estradas. entranhas.