quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Sibile

Eu gosto de ti

gritado pelas ruas.
Em altos brados gosto de ti.
Proferido à esmo pela ira possessa dos lábios:

gostar de ti
é bem um insulto.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Retórica (II)

Eu chamo de meio
o que
Você chama de arredor




E será que isso faz alguma diferença?

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Retórica (I)

Somos nós
porque te quero a mim atado,
enroscado. Emaranhado indesgrudável.
Nó. S.
Fôra nós, seríamos um só. Sejamos.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O riso do Seu João

Essa gente pequena
com um dinheiro arranjado,
e nem nome não tem.
Com uma casa de várias ruas,
Uma ou outra memória,
pouca,
e o direito de permanecer calado,
                     que esgoela e trava.
Essa gente de resto.
Que sobra nos cantos, nas praças,
no enrosco do chão.
Essa gente solta,
com tamanho de menos
para algema de mais,
e nem nome não tem.
Essa gente morta antes de nascer
Essa gente condenada por querer viver
Essa gente, sabe essa gente que lhe faz
segurar a bolsa no que se enlaçam as
calçadas, não sabe?
Essa gente.
Tão mais gente que você.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Toada do descabido

Eu, menino passarinho,
do chamego faço ninho
porque o céu é só distância,
só caminho e não tem vez.

Quero teu tanto, morena,
e o calor de teu canto
a rufar minhas asas.

sábado, 6 de julho de 2013

Menino

Quero um poema que faça
o amor
parecer tangível,

e a vida,
questão de prioridade.

sábado, 1 de junho de 2013

Pathetikós

Poesis, poêutico, poemática,
guardei o verso na bolsa e caminhei pela calçada.
Patética.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Abismo

Nem nome não tinha
Passou pela ladeira como
se fosse corpo.
E corpo foi.
Mandinga, porque
me arrepiou os olhos
o pelo desconexo de
sua púbis.
Senhora.

É que eu nunca tinha visto
quem desse para si e fosse,
no  caso, mulher.
Tão.

quinta-feira, 14 de março de 2013

A roda

Tenho minha infância guardada
em um sorriso no céu, crescente
E uma ponta de pé
no chão
Tenho um mundo fixo à minha frente

Salvo o corpo
a bailar pelo vão

terça-feira, 5 de março de 2013

Vertigem

Um papel branco
que eu enegreci
O grafite, em espanto.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Colibri

O amor comeu o meu silêncio, 
minha dor de cabeça, 
o brilho dos meus olhos 
minhas contas a prestar. 

Comeu também os morangos, na geladeira, e a saudade. Incansável.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Das meias


Eu dou falta da gente esquecer que namora e passar a se enamorar de novo. Que nem quando só se podia rir ao seu lado, ou cantar, e não importava que eu esquecesse a letra. Era fácil fazer um pout pourri. Quando a gente completava as frases, e não as revidava, era bom que nem bolo de chocolate. Ou mais.
Quando a gente não precisava provar quem estava certo, porque a coisa mais acertada eram nossas mãos enlaçadas. Que nem quando a gente tinha sido namorado desde sempre e você acertava a cor das minha meias à distância. Lágrimas de rinocerontes e era certo que ficaríamos sozinhos, mas, estando juntos, éramos inteiros e podíamos discordar de Platão e de Marx com a mesma intensidade que descobríamos as vírgulas do Pessoa.
Eu dou falta de não ter que ser ninguém, e já ser tudo o que você queria. De sentir que você estaria lá quando eu precisasse. E que não cuspiria no meu umbigo quando eu já estivesse rachada.
Mas hoje minhas meias são exaustivamente vermelhas. E eu te amo, seu moço. Ainda além.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

(...)

De vez em quando,
eu quanto