quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Poesia é o caralho

Puta que pariu
Eu tenho um vasto coração
Sei perdoar
mais do que já se viu
Só procuro o amor
Ou amadores de mim
Quero afeto, ai!
Ou qualquer dose de olhar sem veto
Mas sem noção é o caralho
Porra! Trouxa eu só conheço...
Só conheço aquela de roupa mesmo
E se você pode ir ser feliz para caralho
longe de mim
Então por que não vai?
Me diz, cacete!
Por que não me manda ir me foder
e vai você?
Cansei, entende?
Para de dilacerar emoções
Para de me fazer encontrar
rouquidão em gritos
Para de me adoecer
de me anoitecer
Para!
Para de falar, sem saber
Já perdi a paciência
não sei mais como é te entender
Só tem ovos para eu pisar
na trilha da nossa relação
Mas eu continuo aqui, ai!
Continuo aqui por você
E você
Você está procurando tanto
Que ainda vou te ver encontrar
Encontrar o quê?
Encontrar meu cú, ai!
Porque meus dentes vão deixar de aparecer em sorrisos
quando a última gota d´água
salgada de lágrima
cair no chão
e secar
E daí?
Daí é isso
Como eu sempre fui a adulta entre nós
eu vou me virar
E você,
criança pequenina
com todo seu dinheiro
maus bocados
bons bocados
vai enxergar só
Meu cú
Meu cú, ai!
Porque face eu só tenho uma
Mas nádegas,
ah! Vem até no plural!
Um dia dar-te-ei a outra nádega
E apesar de tudo isso
eu te amo
Só não me sinto mais mal
por você não ver em mim
a ***** que quer ter
Pois apesar de tudo,
eu sou e estou aqui,
não é mesmo?
É, comece a parar de contar comigo
Não vou mais tratar do seu umbigo.

by Luiza Borba (foxy lady)

P.S.: eu sei, você está chocado, leitor. Eu sei, eu nunca escrevi nada assim. Mas isso não é poesia, é só um desabafo. Desconsidere. Não é o meu tipo de escrita, anyway. É só uma falta de controle. Espero que a pessoa a quem essas linhas se destinam nunca leia isso. E outra coisa, isso não são palavrões, são interjeições, ou seja, são palavras invariáveis que exprimem estados emocionais. Quando digo "puta que pariu", eu não intenciono essas palavras, assim como quando se fala "minha nossa", hahaha, aliás, o que seria uma minha nossa?Até mais!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Cortesia

É para rimar ideias
com o ritmo do dia
que eu faço poesia
É para enraizar
cada efemeridade
que eu ponho palavras
em gestos
e acrescento um décimo
de excesso

Pois bem que
a cortesia da casa
é acolher
E para quem tachar-me
ou a mim desmerecer
eu só faço charme
e escárnia, meu riso
de mal dizer

É para amar imagens
É para guardar miragens
É para grafar versagens
É para ser com mais gente
que eu enfim sou
a mim

Sem levar-me a mal
por me bem querer
Sem agir igual
ou me anoitecer

Luiza Borba (foxy lady)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Se, não!

A casa caiu
Meu lar abrigável
essa seção acabou
E por causa de um cedilha
-intruso rondando o terreno de dois "ésses"-
o show pode continuar

A minha sede
séde* de mares desabrigados
séde* de dois "ésses"
esses quais me permitiriam
apresentar
esses quais mudariam
palavra e vida
e os quais não tenho
nunca mais
pois os fiz embora

é, fiz uma cessão
da única sessão
que me valia algum quinhão

Ah!
se sonhas-
se ousas-
se amas-
se me gostasses
Oh! vil
Mas nem me ouves
ou viu?

Sessão de mal amados
Cessão de passados
Seção de antropocentrados

Se
Sem lado
Se
Em fado
Se
e minha mente
não!

Luiza Borba 
séde*: fique tranquilo, eu sei que não tem acento ali, mas queria que você entendesse a que campo semântico empreguei aquela palavra
=D

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Ora iê iê

"E lá do céu um lindo eco se ouvia,
Era um cantar suave
Era oxum se banhando ao amanhecer do dia.
Ora ie ieu mamãe Oxum"

Tem um peito
e minha dor
o maltrada
com um jeito
próprio de ser

Tem um ser
Ora, tem as rimas
iê, iê, i eu
me deleito
Para depois dizer

Oxê
um dia ensolaradourado
e eu só
com o sol

só rio
água a natureza

Levo
um lago de esperteza
dentro da pele
E algo fomenta em mim
e algo
e a vida melin-
d(r)ada pela madrugada
e a fome de pulo vencida
pelo cansaço da perna
e a hora
hora bastada de iê iê
i eu acho
um céu de brilho

A cor vive nos meus olhos
imensidão azul em glóbulos castanhos
ocultos lares de sinceridade

A lua é cheia, minha mãe
dia e noite se confundem
no teu ouro de vaidade
É verdade, minha mãe
todo o tempo se mistura
no raiar da liberdade

Até a brisa
Brisa com vontade
com um que de candura
mocidade
e a lua toda nua
E é seu dia
Ora, meu dia
Ora iê iê
i eu encerrei essa poesia.

Luiza Borba (foxy lady)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

vice-versa

Comecei a ler a introdução daquele que seria meu próximo livro de cabeçeira. Ao findar da costumeira leitura superfícial, parei meus olhos na primeira frase daquela dedicatória: " Agradeço a cada um dos pacientes que encontrei ao longo da minha tragetória como psiquiatra e pesquisador da psicologia". Dei dez minutos para a minha mente. Não havia ali muito o que refletir, mas de um modo um tanto quanto surpreendente, encontrei implícitas ali algumas verdades para mim outrora desconhecidas.
A vida além de ser um teatro, como diria Chaplin, tornou-se um consultório um tanto quanto casual. Na verdade, uniram-se as ideias. O ser humano toma o papel de médico, pois conhece e convive no decorrer de sua trajetória com várias pessoas que precisam ser ajudadas. Porém, chega uma hora em que essa cena acaba e o espetáculo continua. Se fecham as cortinas e invertem-se os papéis. O homem que ontem era ajudado, hoje estende a mão. A menina que ontem sorria, hoje chora. A mulher que ontem se preparava para a labuta, hoje tricota em sua cadeira de balanço. O médico, se torna paciente. O barulhinho de tic-tac do relógio foi substituido por vice-versa, vice-versa, vive-versa... (consegue ouvir?)
É assim. Entram e saem pessoas de cena a todo o momento. A cada acender e apagar das luzes tende-se a ter menos certezar de que papel será interpretado no palco da existência. Quem ficará com você para o próximo ato? Quem será o paciente? Quem será o médico? Não sei. Resta dar ao tempo oportunidade para que nos conte e, a vida continuará guardando seus mistérios.


Ps.: Agradeço a cada um dos pacientes que encontrei em meu percurso. Agradeço também, a todos os nobres seres que me sederam espaço em seus divãs e me ajudaram. Aos que estiveram, estão ou estarão em cena comigo nessa peça da qual também somos platéia. De algum modo vocês estão retratados nas linhas deste texto.


Renata Otaviano

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sou aqui e estou

Porque na vida é tudo meio assim: todos temos um lugar que mais nos identifica. Sendo o meu quarto o local que mais me habita, talvez devesse conceder-lhe a honra de ocupar tal posição em minha existência. Deixo pregada naquelas quatro paredes toda a minha personalidade, transformando-as em concreto sentimental, aconchegante, pulsando sempre no ritmo de meu coração.
Mas falta algo mais nessa eloquência. Falta vida. São só quatro paredes, e são sozinhas mesmo. Frias. De um alanranjado indiferente. Áspero. Eu as uso apenas como escape para me encontrar.
-Encontrar o quê?
-Encontrar-ME!
-Onde mais eu estou?
-Em mim!
Pronto, resolvemos então o problema principal. Este corpo com gosto de vida iniciante, esta respiração ansiosa e imprecisa, estes olhos que me contatam com o mundo exterior e me fazem sentir, este coração vivo, entorpecidamente eficaz, este conjunto de muitas células é que é a eterna morada de minha alma. É o espelho preci(o)so que sempre me refletirá. É onde sempre quero - e conseguirei - estar.
Vejo-me como um ponto de encontro abstrato, ambulante e incerto, posto que não estarei sempre aqui. Sou como uma esquina perdida, fácil de notar. Minha estrutura, extrema que é, não sustenta mornitude. É feita de juventude. Ou está por cima, ou por baixo. É um giz riscado. É a medida inimaginável da contradição, que só não se contradiz no instante.
Sim.
Sou eu a casa de minha imaginação.
Sou minha vida vivida (ah!) sim!

by Luiza Borba (foxy lady)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Festival de Cinema e Meio Ambiente de Guararema

Este post não é um texto.

Você já deve ter percebido que faz um certo tempo que nada de novo aparece aqui no exílio. Não, nós não estamos migrando. Acontece que um festival de cinema e meio ambiente surgiu em nossas vidas. A iniciativa do festival é muito interessante, e eu (Luiza, foxy lady) e a Rêe Otaviano fomos contratadas para munir o blog do festival.

Por ser uma iniciativa tão interessante e importante para a cultura deste país, gostaria muito que você - sim, você! - desse uma passadinha pelo blog do festival, e, se possível, aparecesse de fato no festival.

Espero que aproveitem esse post da melhor maneira possível e passem essas informações adiante, contamos com a sua participação para que o Brasil se torne cada vez mais o que queremos ver.

Até mais

Luiza Borba (foxy lady)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Seu maquinista, volte à ultima parada...

 pois foi lá que eu perdi meu chão.



Sempre acreditei naquela comparação dita por muitos na minha infância: A vida é como uma viagem de trem, nela entram pessoas que jamais imaginamos que iria entrar, nela existem pessoas sentadas longe de nós contra a nossa vontade, nela existem pessoas que jamais iríamos querer que desembarcasse. Por mais que isso cause uma imensa dor, a viagem delas uma hora acaba e elas são obrigadas a descer, obrigadas a partir e a deixar em sua cadeira vaga apenas a saudade, os grandes momentos e aprendizados.
Na manhã do dia primeiro de agosto desceu do trem um grande homem. Um exemplo de vida. Um exemplo de marido. Um exemplo de pai, de avô. Um lutador e sofredor.
Havia um semblante bom em sua face durante o velório, sinto que ele se foi sem sofrer, seu ultimo suspiro foi ouvindo bilhetes que sua mulher, e amada, mandou-lhe nas ultimas semanas e isso certamente fez com que ele fosse feliz apesar das dores.
O trem continua sua viagem, por mais que pareça que ele está quebrado. Ele continua, lentamente, se recuperando da pausa para o desembarque. Jamais esqueça quem desceu, pois ela certamente estará olhando por você em todos os lugares.




É, eu precisava escrever pra desabafar.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

2 poemas em 15 minutos

o motivo: quero sair por aí escrevendo poesias na hora para pessoas, para ajudar a divulgar o sarau da Rêe (daqui do exílio)
modo de testar: bom, eu já testei... abri uma revista qualquer numa página qualquer e escrevi uma poesia com pressa sobre a imagem que vi, como se estivesse em uma rua movimentada. Fiz isso duas vezes. E ainda não estou segura. Não sei se consigo dançar com tal desafio neste ritmo acelerado.
deixe estar: vamos às poesias "qualquer nota".

Paz aos amantes em 07/07/2010
São bocas
- duas
São olhos
- quatro
São amores
- loucos
que por uma alma vagam
ser um só, sendo mais que um
já é sabido
já foi ousado
já tinham rimado
mas não aqui
para este par enamorado
nem daqui
deste calçadão empoeirado

mas é assim
entre estrelas e cílios
que seguem bem sim
Amanda, e se companheiro
banhado em marfim

Salve salve a modernidade
Um brinde ao casal que de de mãos dadas atravessa a cidade

Sua poesia em 07/07/2010
Mais que nada
é alguma coisa
coisa alguma
é feiura de moça
morena
e a moça
morena
é
e vem e vai com as pernas
caminhando pelo calçadão
faz da saia seu vagão
traz a bolsa em sua mão
o vento vem nela, e seus ombros
são
Ah! menina
passe cá perto desses rapazes
e passe certeira
passe sabendo o caminho
e vá
A Deus
sim, obrigado pela companhia
espero que goste, de sua modesta poesia
é isso, espero que funcione na vida real melhor do que nas páginas da revista velha
by Luiza Borba (foxy lady)

terça-feira, 29 de junho de 2010

Conversa de ver em mim


Deixei plantar minha plantinha, e coloquei-a em uma caixinha, esperando que ela me vivesse. Quero que floreça meu girassol, essas sementes tão quietinhas, escondidas em vão. Quero que sejam desmentidas e lamparinem a escuridão. Gostaria de florí-las com voz ativa, cantá-las em todo canteiro, conquistá-las como as companheiras que já são. Ah! Se me deixassem querer, pediria várias pétalas amarelas que inspirassem gás carbônico e só fizessem expirar alegria, esperança, empatia, confiança, e todo o mais que servisse de guia, de guia para o raiar do dia.
Ai, ai minha florzinha, cuide de crescer rentinha ao meu coração, trate de tranformar água em vida rida, lida, sentida, vivida, desmedida. Oh! Meu amor, olhe só que lindo luar. Espere, espere um pouquinho que seu corpo rasteiro também há de brilhar, aqui, no chão, dado que flores ainda não aprenderam a pairar no ar.
Você, flor-de-mel, é graciosa até sem estar. Miro este vaso com solo e imagino, imagino como você está. Não me deixe aqui esperando, não atrase o nosso encontro, não seja vaidosa a ponto de demorar-se para ver se espero, pois espero, e esperarei, com toda certeza para deleitar-me com cada milímetro seu a mais. E eu te ensinarei os poetas, viu? E o mundo te conhecerá. E você será risonha, não será? Sei que será. E não há de morrer, ou há? De que morre um girassol? Quanto vive um girasso?
Terei de me informar. Saber mais para poder criar-te, e te deixar ir, quando for a hora. Mas, caso eu vá primeiro, se o tempo levar-me ligeiro, aí peço, cuide do que fui, não me apague de seu eu mais profundo. Não me exclua, nem me esqueça, para não romper-me em solidão.
E, escute bem, meu amor, se você está agora lendo isso, então ainda existe uma solução, então ainda existe transformação, então ainda existe a vida e eu permaneço. Então eu sobrevivi para ver finais felizes, e você já é capaz de trilhar caminhos, porque você já sabe voltar a ser o que era, o que foi, o que sou. Sim, eu sou, sou você, meu girassol. Esperei tanto, a ver minhas mãos vazias, com terra, vaso, caixinha, e tua face não. E agora minhas raízes? E agora sua base? E agora que somos fundidas, somos o quê? Somos só?
Acalme-se flor-de-giro, deixe estar, que isso não é ser sozinha, solidão não é estar sem alguém, é muito mais estar na ausência de si mesmo. Despreocupe-se. Ainda soa no ar o tom da vida, e seus olhos são predestinados a ter alguma coisa de real, alguma coisa de preenchidos e ainda mantemos em nós o gostinho da eterni-sempre felici-dade.
Pequena serena, dê-me sua mão e seja a vida menina de suas folhas, de minhas palavras, seja sorrisos escorridos por meus dedos, seja o mundo que gira, gira, gira e o sol amarelo, numa folha qualquer, surgindo para somar e rodar.

by Luiza Borba (foxy lady)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

ponto, virgula e exclamação

E com uma (re)volta desmedida
Me reviro e volto onde achei que tinha acertado.
Sem palavras que expressem tal sentimento
Ao mesmo confuso e ao mesmo tempo tão certo.

Pensei que houvesse aprendido,
Achei que tivesse optado.
Mas, a minha opção me enganou.
E desacometida vou agora.
E enganada ao rumo do nada?

Não sei, talvez tudo passe ou tudo piore.
Mas o que provavelmente aconteça é minha consciência pare,
volte,
reflita,
perdoe,
se desengane,
e deixe entre ponto , virgula e exclamação
um silêncio como protesto.


Renata Otaviano

quarta-feira, 2 de junho de 2010

À garota "dois cookies"

Hoje é dia trinta de maio, um domingo, e ontem, em algum instante entre pegar o ônibus e o início da aula de canto, eu parei para comprar cookies, e por alguma razão, eu estava feliz. E só estar feliz não me bastava, eu queria inserir felicidade em transeuntes. Talvez eu tenha conseguido. Foi com a mulher do caixa. Não que eu tenha feito algo especial, eu só fui a Luiza que eu queria ser no momento e fiquei indecisa entre um cookie e um brownie. Este bem pretinho e crocante, e aquele macio, de baunilha, com gotinhas escuras. Pedi-lhe conselho e a vi responder, indubitavelmente:
-Um cookie. -  Decidi:
-Um cookie.
Ela riu. E voltou com algo inusitado. Eu indaguei:
-Dois cookies?
Ela levou o dedo indicador aos lábios e sibilou. Eu sorri e saí andando. E ainda estou pensando. Ela sabia que tinha cometido um pequeno erro de matemática, que tinha feito 1+1=2, ao invés de, sei lá, 1=1 e ponto. Ela sabia, eu sei e agora nós duas temos um segredo, que divido contigo apenas por confiar muito em você.
E vou refletir.
Sabe o que as pessoas costumam fazer? Elas costumam pensar que são apenas um ser, que se resumem a um nome e a uma existência. Que não são nada senão elas mesmas. Mas não é bem assim.
Quando temos um caminho a seguir, um destino certo, costumamos nos firmar nele, traçamos uma linha reta e não olhamos para os lados, para não dispersar o futuro. É como se a vida fosse um corredor extenso medido, não em metros, mas em segundos. Só paramos para olhar para os lados na hora de atravessar a rua, e, se partirmos do princípio de que o fazemos para manter a vida que já levávamos, desviar o olhar aqui nada mais é do que continuar olhando para frente. É com essa desatensão que trombamos nas pessoas.
Acontece que pessoas não são feitas pra trombarmos nelas. Viver não é caminhar ou correr por uma estrada. Viver é estender trilhas para facilitar os caminhos e poder, assim, olhar em volta para dar sentido a borboletas e zangões. E também não somos seres singulares, igualitários. É tão mais bonito ser sem solidão. Sejamos todos uma soma, e caminhemos unidos para a vida, que, só, nos espera, sentada em uma árvore, e a qual podemos perder ao não reconhecer a totalidade de nossas existências, ou ao desmentir miragens.
A garota "dois cookies" foi essencial, não por ter melhorado a situação da glicose em meu corpo, e sim por ter-se deixado tocar por minha felicidade, por ter me mostrado o leque de boas possibilidades com que a sociedade se abana. As coisas pequenas rumam os dias unicamente, e, transformando tudo isso em dados, um "não" demora desesseis "sins" para recuperar um alguém. Logo, a diferença de quem tu és não parte do que o mundo fez de ti, e sim do que estás fazendo de tuas orbitações em torno da Terra.
Então é tudo mais ou menos assim: mude o mundo se ele o incomoda. Sorria. Ganhe cookies (no plural). Passe em frente a um mendigo numa manhã fria, cumprimente-o, deseje-lhe bom dia e deixe com ele aquela barrinha de chocolate escondida em sua bolsa. Gosto de pensar que é assim que tudo devia funcionar.
Sabe, minha professora de inglês perguntou-me o que eu estava fazendo pelo mundo. O questionamento tinha inclinação ecológica, e meus pensamentos tenderam para outro rumo no decorrer da semana. No fundo talvez eu não atente tanto para o lixo-reciclável quanto para o ser sensível interno a todos nós. Você, leitor-que-já-deve-estar-farto-de-tanta-baboseira, insira isso em seus próximos segundos da maneira que quiser, mas, por favor, pare um pouco.
Pare, e acredite que em algum canto sujo existe uma criança chorando. Em algum dia frio existe um sem-teto orando. Em algum desespero existe uma mãe tentando sorrir. Em alguma poluição existe a vegetação atrofiando. Em alguma mesa branca eu já existi escrevendo isso. Em algum segundo vil está você. E você, como está?

by Luiza Borba (foxy lady)

ps: este é um fragmento de algo que estou escrevendo, não é um diário, mas são meus dias em narração. Bom... um dia eu descubro tudo isso melhor. Até mais.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Eu acredito nesta árvore do coração!

Um carrinho de bebê beirando o esgoto, e eu, olhando, só olhando. Presenciaram essa cena, além de mim, o odor típico e desprezível de coisas podres, o céu cinza de tristeza, alguns carros apressados e desatentos, e ali, bem no cantinho esquerdo, como quem não quer ser notada, estava parada, mirando tudo, sentindo muito, via-se lá, a inocência.
A vida é tão esquisita, e nos faz pensar tanto. Parece que ela espera de nós um olhar de compreensão. Não havia um bebê dentro daquele carrinho, mas tinha um mundo de interpretações, e isso me bastou.
As pessoas deviam ser mais preparadas para enfrentar estes retratos tão preci(o)sos da sociedade, que aparecem assim, sem mais nem menos, no começo de uma manhã rotineira e movimentada. Na verdade, eu é que não esperava por aquele susto. Era como se a pureza, a matéria-prima da existência, o começo de tudo, a força, a alegria, estivesse ali, dentro daquele "porta-serzinhos", envelhecendo precocemente ao ver o fim que construímos para ela, para ele, para tantos, para nós. Mais insensível que os pais de Peter Pan ao decidir-lhe a profissão ainda no berço. A sociedade encarregou-se de mostrar a morte para a vida.
Que imagem mais cruel, de partir o coração. O carrinho era calmo, azul, inspirava desespero e expirava esperança, parecendo mais uma árvore do coração.
E, no fim, é assim que tem de ser: quando o nosso inimigo for uma imensidão sem fim, for as lágrimas pretas pela face humana, for a escuridão incansável, seremos, então, a esperança! Uma árvore sutil com crescimento interno.

by Luiza Borba (foxy lady)

domingo, 2 de maio de 2010

Já estou narrando

-Mas se eu vejo verde, e um daltônico vê azul, é inevitável que a verdade seja relativa. Somos animais incapazes de julgar atitudes, de diferir certo e errado, embora queiramos inutilmente chegar a um consenso.-Desdenhou o senhor calvo.
-Não é consenso, e sim bom senso, até porque, se é verdade que a verdade não existe, como afirmar a veracidade desta sentença?- Riu-se a mulher de dedos finos. - E você, Celina, o que tem a nos dizer a respeito?
-Eu, sorriu a mulher com um sorriso que deixou esta narradora confusa (não sei bem se era timidez ou malícia de quem sabe algo), digo apenas que há mais mistérios entre o céu e a terra do que imagina a nossa vã filosofia.
Ela disse apenas, e aquilo bastou. Não era muito de falar, achava muito mais interessante fazer uso de sua visão para o contato com o mundo exterior, como se a alegria estivesse nas coisas pequenas e ela quisesse manter-se atenta para não perder nada. E fora o fantasma de seu pai que a ensinara a calar...
Celina, naquele dia de sua infância, estava discutindo com seu pai, faltara dinheiro para as compras domésticas e ele pegou uma quantia do cofrinho da filha. Justo aquelas moedas conseguidas a custo, ele não sabia quão difícil tinha sido aquele ganho? Como a menina se zangou! E gritou tanto que não ouviu seu pai dizendo, meio constrangido, "eu te amo", nem viu a barra de chocolate em suas mãos. O arrependimento fez dela essa pessoa observadora que todos veem.
No demais, ela conservava sua alma de criança curiosa ainda agora, aos cinquenta e cinco anos. Isso a rejuvenescia, tinha semblante de quarenta primaveras intactas. Seu sorriso acolhedor foi o que realmente me cativou, o que originou este texto, nesta posição observadora que me encontro pra narrar essas peculiaridades.
Celina, quieta naquele canto tinha presença mais notável que os outros dois. Serena, Celina, sereia de um mar de pensamentos. Ser ela. Só ela o é!

by Luiza Borba (foxy lady)

sábado, 1 de maio de 2010

Como uma janela se abrindo

Houve um tempo em que a minha maior necessidade era a de me incluir no meio de uma sociedade já formada. O contato com as primeira vozes, com alguns sons me ajudaram e reconhecer a minha propria imagem refletida no espelho. Nesse momento foi com se um raio de luz invadisse a escuridão de minhas idéias. Aproveitei a experiência do nascimento e cresci.
Houve um tempo em que tirar minhas proprias conclusões foi necessesário. Cair de bicicleta, levar choque ao colocar o dedo na tomada, desenhar atrás dos papéis importantes que os pais guardavam para que nem amassassem, foram algumas das coisas que me levaram ao profundo amadurecimento, até porque quem nunca fez uma dessas coisas que atire a primeira pedra (Não, por favor, não me matem apedrejada!). Vivi o que era preciso na infância e isso me serviu de expência.
Houve um tempo em que a minha a mente se abria para um mar de idéias para que eu pudesse construir o meu intelecto. Tudo era muito mágico. Tinha a sensação de estar de frente a um ilusionista, pois ao mesmo tempo que coisas apareciam, outras sumiam. As letras sempre me causaram uma fascinação bem mais considerável que os números, porém, fazer não só o que gosto foi uma das coisas que me ensinaram. Conviver com pessoas diferentes de mim em gênero, número e grau foi um desafio muito mais árduo do que o primeiro contato com a fórmula de baskara, e de valia muito maior que um anel de diamantes ao qual fui exposta. Aproveitei e ainda aproveito os últimos dias que me restam dessa incrível estadia dentro de uma verdadeira máquina do saber.
Hoje sinto como se estivesse diante de uma janela em que cada dia noto mudanças tanto para o lado de dentro quanto para o de fora. Não sei ao certo o que encontrarei quando decidir brecar meu analismo crítico, fechar a janela e abrir a porta de uma casa em construção. "Sei que nada sei". Não sei nem ao menos que motivos me inspiraram de escrever sobre tal assunto. Só sei que cada dia me reserva a sua própria aprendizagem e espero poder usar todos os tijolinhos que fiz em cada vez que cai para poder terminar a construção essa tal casa a qual chamo de vida.

Renata Otaviano

domingo, 25 de abril de 2010

Ontem (uma girafa numa perna-de-pau)


"E o que vejo a cada momento
É aquilo que antes nunca tinha visto
E eu sei dar por isso muito bem
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo"
Alberto Caeiro

As pessoas costumam subir na vida devagarzinho, degrau por degrau. Eu, desprendida que sou, ergui-me numa perna de pau. Vesti-me de girafa para tomar lições de moral. E pr´aqueles que tentaram me derrubar, mostrei que também carrego minha cara-de-pau.
Não me leve a mal, toda girafa caminha devagar, e talvez eu demore um tempo para chegar a algum lugar. Aí é que está a poesia da coisa toda: ontem, eu ali, simbolizando um animal, mais alta, mas não superior, a todos, tinha apenas que seguir em frente, traçar uma linha com a visão e ir reta nela, às vezes parando para olhar as vidas tumultuadas ao meu redor, às vezes me agachando, e virando, para ninguém esquecer que dor é algo que todos sabem de cor (e salteado).
Sim, a caminhada é árdua e o pé pode doer, a perna pode ficar bamba, o tombo tem toda a chance de ser feio, mas o show deve continuar, e assim você aprende a ser você, e se superar em qualquer lugar, aprende a não olhar para chão e se levantar sem ter medo, aprende a se sacudir e entender na farra todo o segredo. E pretendo manter essa minha capacidade de gostar de enfrentar desafios, eu digo, se eu tiver que subir numa perna-de-pau e aprender novas formas de andar, eu vou, e vou sorrindo, com aquela gargalhada típica dos recém-nascidos.
Ainda não sou bem tudo o que posso ser, nem estava perfeita em cima de toda aquela madeira, eu só sabia exatamente o que tinha de fazer, eu só sei perfeitamente em que meios encontrar meu fim, como ir às alturas me encontrar em mim.
HAHA. E depois que se acostuma a ter uma perna de árvore anexada à sua, fica fácil subir num salto alto, você o enxerga mais como um salto tão baixo quanto tanta gente por aí. Isso não quer dizer, entretanto, que eles não podem mais te afetar, quer dizer apenas que se você quiser, pode tentar não se incomodar.
Sei bem que durante a travessia é possível adquirir um coração partido, um braço dolorido, um músculo, na coxa, desfalecido, however, qual é a graça de só rir na vida? É até gostoso passar por um risco tão grande e aumentar em questão de segundos o tamanho de um corpo tão, mas tão delicado, que à vista até parece suportar um ser muito frágil, mas isso é impressão que só fica na aparência mesmo, e ser aplaudida no final dá aquela sensação que não tem tamanho e supera qualquer mal-viver.
Pois é aos poucos que a gente vai reparando nessas sutilezas mesmo. Um ursinho de pelúcia com certidão de nascimento nos braços de uma adolescente é, assim como brincar de ser bicho grande e desengonçado na frente de todos, não uma criancice, e sim um ato de coragem. Aquele tipo de ser corajoso que consegue ser a si mesmo e despir-se sem escrúpulos na frente de todos, dando sua cara a tapa, até por ser essa cara-de-pau que já afirmei nas primeiras linhas, e saber que vai doer mais é na mão de quem bate.
Luiza Borba Chiesa agora é girafa também. Foi como uma palhaça linda em uma perna-de-pau. Seguiu calma e imponente ontem, e é lida por você hoje, ser presente.
Tento agora repassar vários fatos vividos como aprendizagem. Tento me expressar, me pintar para que este texto seja visto como paisagem. Olhe só que lindo: cheguei a pensar que ser criança mesmo é brincar com sonhos. Eu quero gravar na esperança esta imagem, aquele dia, ontem.


Muito obrigada a você ( por ter-me lida, inteirinha, até aqui)
Muita sorte à mim (por pretender ser-me, inteirinha, daqui até o fim)

Luiza Borba (foxy lady)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

À frente, Avante, e a Mente Errante



Sim, Deus comigo não fala
Porque mamãe diz para aos estranhos dizer pouco, ou então dizer nada
Dar-lhes a cala
E eu sigo esta estrada
sozinha: eu e minha mala
E levo a mim mesma na barriga
Vou na marra não importando o tamanho da vala
E digo a mim mesma pra ser destemida
Rimar com a vida, engrandecer a bagagem rala
E rio de mim mesma com risada bem rida
Alegria teimosa de vista que inocência exala
E esqueço de mim mesma para aproveitar a ida
Mas carrego alguns espinhos para gentilmente abrir esta ala
Que as vezes se interdita por me achar meio bandida
Só até que eu prove que só gosto quando doce está a bala
E permaneço em meu rumo com flores e dores com cores de sina perdida
Ah! Por pior que pareça lembro-me agora de ter esquecido na sala
Naquela hora do adeus derradeiro da partida
O meu vestido, no cabide, de gala
Companheiro ausente, e a viagem deve ser seguida
Em frente, e esta falta (a mim) eu mesma por fim vou dá-la
Pois ainda sopra o vento ao que escrevo nesta linha lida
E o sabor doce do ar úmido de comoção me vê e me inala
Olho pr´atrás e avisto um horizonte de vida vivida
Se já precisei de ajuda, para caminhar retiro a tala
Vou firme, certa, decidida
Voo linda, reta, desprendida
Mesmo nestas condições:
Sim, Deus comigo já não me abala


by Luiza Borba (foxy lady)

sábado, 17 de abril de 2010

Previsões estequiométricas

Querido diário,

Ultimamente tenho pensado muito sobre o que a vida tem significado para as pessoas.
Mais que uma filosofia, mais que uma tese sobre evolução X criação, deveriamos tomá-la como uma chance unica de poder fazer o que é certo na hora precisa e no lugar exato.
As vezes prevemos tantas coisas, tantas atitudes esperamos das pessoas, mas infelizmente o que era proceder do mesmo modo com todos, acaba nos fazendo concluir que só na teoria é que existe o que chamamos de valores.
Fernando Pessoa disse que o poeta é um fingidor. Quem me dera! Quem me dera se fosse só o poeta quem finjisse. Nesse jogo de culpar o mais fraco e de se livrar daquela pessoa irritante é que, Querido diário, finjimos o tempo inteiro. Nos vestimos de máscaras de felicidade, de integridade, de cumplicidade e de amizades que não nos servem pra nada. Não nos servem nem para o nosso auto-crescimento, muito pelo contrário, nos afundamos em mentiras a um ponto de acreditar em todas e de convencer-nos que são verídicas.
É. Tudo comprovado na teoria.
Seria muito facil se tudo funcionasse direitinho. Fomos criamos com a função "contrariar" ativada. Nossa democracia, nossos ideais, nossa luta por termos um mundo mais justo, até nossa história, é tudo estequiométrico.
O estranho em tudo, sabe o que é? É saber que em nada temos aprendido. Aquela velha história de que o homem aprende com os erros do passado está guardada num museu lá no fim daquela rua escura, junto com todas as verdades que estão por trás daquilo que vivenciamos.
E o tempo? Ah, "o tempo não pára".
No meio daqueles várias frases bonitas que a gente aprende de 1ª a 4ª série, eu ouvi certa vez que uma andorinha só não faz verão. Que pena! O que seria do verão então, se a primeira andorinha não começasse a voar e um sempre dependesse do outro, não é?
Que me chamem de louca, que digam que piso em nuvens, que falem: lá vem a sonhadora. Que seja esta minha maior e eterna quimera. Não ligo, por que "tenho em mim todos os sonhos do mundo" e acordo todos os dias pronta pra lutar por aquilo que acredito.

Renata Otaviano

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Vou pra mim

vou de bus ou de car
bus/car meu amor
procurador de seres pr´amar
com ardor
sem a dor
acolhedor-
adoradamente

com amor

não é mesmo
relevante
os meios da condução
o que importa
dos sentidos
é que não sejam em vão

o que quero
da metáfora
é que seja a meta-
linguística
feita com esmero
talvez até com lero-lero
pra sustentar até o fim
este possível bolero

pra acariciar em mim
a vida que quero
e gero
e desespero-
adoradoramente

que ( h)aja
este agente

by Luiza Borba (foxy lady)
ps: esta pseudo-poesia existe devido a grande participação de um querido amigo guitarhero- que viu as palavras "bus" e "car" em "buscar", e que tinha a poesia salva para me salvar quando a mesma desapareceu de meus rascunhos aqui no blog, o que tornou possível sua publicação... como num renascimento... esta é, então, a segunda existência de "Vou pra mim"
valeu Serginho =D

sábado, 10 de abril de 2010

Você é capaz de ver que nao é só a guerra que tem batalhas?

Historia, de fato, é uma das minhas maiores inspirações pra escrever. O entusiasmo criador vem ao analisar, ao escutar, ao entender tudo o que se passou em uma trajetória até chegar no que eu sou agora, no que o mundo é atualmente. Deveria servir de aprendizado atos de nossos antecedentes, erros não deveriam ser cometidos novamente, para isso a historia é contada, para isso existe biografias, historiadores.
Agora, nós jovens, crescemos em meio de comodismo, sem símbolos, sem valores, sem idéias, sem vontades, sem lutas, sem conquistas. O que conquistamos durante a ultima década? Três Diplomas? Jovens estão devendo sua participação no processo de desenvolvimento do Brasil. Nossa coragem, impetuosidade, pureza e senso de direito e de justiça estão fazendo falta no cotidiano. Envolver-se em questões políticas, sociais, econômicas, ambientais. Isso, lamentavelmente, não tem ocorrido.
Crescemos em um país onde os grandes símbolos são ex prostitutas, ex drogados, ex bandidos. Nossos valores são “Lei de Gerson” e “Jeitinho Brasileiro”, nascemos com o ideal precípuo de ficar rico, custe o que custar, doa a quem doer, tudo com o intuito de ir embora do país, prejulgando Brasil como o pior lugar para se morar. Defeitos? Apenas em nossa 5ª maior área geográfica que existe. Não, não faço o gênero de pessoa patriota, sou bem menos que isso, mas me emociono ao ver a emoção que antecedentes tinham ao marchar em plena época de governo militar, cantando o hino nacional em desfiles cívicos. A bandeira do Brasil era ostentada com orgulho apesar de todas as limitações de liberdade individual e coletiva. E agora? Não há opressão nesse aspecto, onde está o orgulho? Cade o prazer de ser brasileiro? Pode ser uma rebeldia o meu pensamento, mas creio que nesse aspecto o governo militar tinha sua importância, incrível, a primeira coisa que foi abandonada com a redemocratização do país foi o civismo, o sentimento de orgulho ao abraçar a bandeira.
Somos uma geração de maus exemplos, geração da bundalização, geração que só leva em consideração o Brasil, só lembra que é brasileiro, de quatro em quatro anos, quando surge a Copa do Mundo, depois, volta-se a esquecer rapidamente, principalmente quando o Hexa não é conquistado, como aconteceu a quatro anos atrás.
Não é ruim ser conhecido com o país do futebol , nem como o país das mulheres mais belas, mas precisamos ser um país de outras coisas, precisamos ter pretensões, precisamos lutar por ambições, por um futuro tão bom quanto o que nossos pais nos permitiram ter. Lutar para, no mínimo, manter direitos que eles conquistaram e pouco aproveitaram, afinal, esses direitos espelhariam em nossa geração.
Uma placa, precisa-se de mudanças, deveria ser pendurada à porta do Brasil. É necessário reescrever sua historia, que se apagou nos últimos anos. Nossa democrafia completou 21 anos em 2006, atingiu maioridade e até aqui quase nada mudou, continuamos como dantes no quartel de Abrantes, um navio a deriva, sendo levado ao acaso pelas correntes e pelos ventos.
Hoje, olhando para minha turma, sim, turma, porque hoje, depois de dois meses, posso dizer que somos uma única turma, e não uma separação de três salas que se uniram, pude perceber que somos uma grande exceção, somos vencedores, fomos bem guiados, somos estudados, somos saudáveis, temos a oportunidade de estudar (mesmo que por vezes essa oportunidade não seja aproveitada). Somos alfabetizados e estamos a ponto de concluir o Ensino Medio em uma boa escola, acompanhados por bons professores (em sua maioria) e hoje, graças ao espelho de nossos pais que lutaram por isso, temos a oportunidade de continuar nossos estudos por aí afora gratuitamente. Gosto sempre de lembrar que minha realidade, não é, nem de longe, a realidade da maioria das pessoas da minha idade, por isso repito, SOMOS VENCEDORES. Chegamos até aqui por nossa conta, uma luta, que mesmo pequena, é algo que nós fizemos por conta própria (com empurrões de pais e mães, mas por conta própria)
Agora, eu penso,já que estamos meio caminho andado, já somos exceção em quase tudo, procuremos ser exceção no aspecto ética. Temos uma visão eclética e generalizada do mundo, entendemos a importância da vivencia cidadã, mas será que, se continuarmos no marasmo, futuramente, nossos filhos conseguirão esse mesmo direito?
Nossa vida profissional começa agora, ao final do Ensino Médio, estaremos começando, decidindo. Devemos começar bem, para seguir bem, e terminar bem, afinal, por mais que haja repetição, eu afirmo: Só bem pode gerar e manter o bem. E elitismo não é algo que combine comigo, mas acredito que, se todos pensassem da mesma forma nesse assunto, futuramente teríamos dirigentes (e não governantes) e educadamente o povo brasileiro seria capaz de discernir melhor as questões em certo e errado. Aí sim, poderemos dizer “Meu país é democrático” com a certeza de que democracia, não é DEMO cracia. Já percebi que a vida é dura, mas tenho certeza que tudo isso vai valer a pena. Aprendi isso com Fernando Pessoa, afinal “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.
Tal qual o grito de guerra das torcidas nos estádios desse país afora: “Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor”.
Um texto grande, contraditório e ao mesmo tempo complicado e para alguns que vão ler, até chega a ser chato, batido, mas é apenas para demonstrar que os tempos mudam, mas independente do tempo, quanto mais educação, mais amor pela pátria, mais luta, mais liberdade e mais trabalho houver, melhor será a qualidade de vida. Sempre haverá a necessidade de alguns ajustes e esses não devem passar batidos em nenhuma das gerações. Independente de sair da escola e ir direto para o mercado de trabalho. Sair da escola e ir para um ensino superior. Sejamos cidadãos competentes, corretos e responsáveis para que nos próximos 30 anos, ou menos, talvez mais, possamos ser motivo de orgulho pelos lugares que passamos. Orgulho às pessoas que nos ensinaram, pessoas que se doaram para que nós chegássemos até aqui. Afinal, disse e repito, de novo, e de novo, quantas vezes for preciso. Somos a exceção, somos vencedores.












Inspirado em aulas de sociologia, filmes sobre ditadura, conflitos com turma escolar e poema de Pedro Bial e Fernando Pessoa.

terça-feira, 6 de abril de 2010

"O poder é a informação"


Os acontecimentos sociais, politicos e econômicos fazem a industria da comunicação, seja num âmbito nacional ou internacional, girar a todo o vapor.
Inicialmente, é preciso analisar que a democratização da notícia fez com que o espaço de divulgação da mesma não se limitasse apenas aos bons e velhos jornais, que mesmo com o passar dos tempos continuam sendo referência na veracidade e detalhismo de informações, mas, permitiu que a instantaniedade da mesma abrisse um amplo espaço para vias multimidias, como a internet, aumentando assim, o número de leitores.
Observa-se a partir de uma parâmetro lógico de que se há um aumento do público, a competição para ver quem abrange maior fatia do mesmo, cresce em porcentagem agravante. Enquanto uns dizem que tempo é dinheiro, os comunicadores preferem dizer que tempo é informação. O mundo acontece a cada segundo e as noticias o acompanham. Visões diferentes, focos distintos, manchetes alternadas são algumas das ferramentas para abordar os interlocutores.
Em contrapartida nota-se que o desejo de ser o publicador pioneiro faz com que algumas noticias abordadas em qualquer um dos canais divulgadores não sejam verídicas ou contenham informações incorretas, prejudicando assim, o noticiado ou o expectador da mesma. Mas, já dizia o ditado de que a pressa é inimiga da perfeição.
Na razão do que foi exposto, pode-se concluir que nada é por acaso. Leitores buscando visões semelhantes às suas em artigos distintamente elaborados, guiados pela sede de conhecer o que acontece no mundo é o que faz-nos entender de que sim, é necessário questionar para saber, buscar para conseguir e informar-se para poder.

"Enquanto pessoas perguntam por que, outras pessoas perguntam por que não?
Até porque não acredito no que é dito, no que é visto.
Acesso é poder e o poder é a informação. Qualquer palavra satisfaz. A garota, o rapaz e a paz quem traz, tanto faz. O valor é temporário, o amor imaginário e a festa é um perjúrio. Um minuto de silêncio é um minuto reservado de murmúrio, de anestesia. O sistema é nervoso e te acalma com a programação do dia, com a narrativa. A vida ingrata de quem acha que é notícia, de quem acha que é momento, na tua tela querem ensinar a fazer comida uma nação que não tem ovo na panela que não tem gesto, quem tem medo assimila toda forma de expressão como protesto."

Renata Otaviano

domingo, 4 de abril de 2010

Nata/reza desregral



Eu comigo, a só
sinto a natureza
E com minha voz
canto essa certeza
Olha, olha só
são cores no papel
Sorria para nós
com cores pinto o céu
Sorria bem sem dó
pra viver de rir
Lá eis que la noz
veio para sentir
Seja o redor em pró-
sa lenta da vida
Desatando nós-
saída querida

Já rimei regrado
e agora perco a lógica
que na tuareza
a grandiosa sílaba métrica
fica ali, bem de lado

Como se o mundo fosse mesa
quisemos comer, sem ter cuidado

Terra, fogo, água e ar
e a vida resistindo
querendo sonhar
Lama, lareira, céu e mar
é esta casa sem teto
tentando não desabar

Sem perder a pose
num infinito descomunal
mel de sabor doce
Sol dá a vida
tão sensacional
Pense que aqui o ar não vemos
por ser essencial
E a flor bela cheiremos
olfato vendo o natural

Assim segue o rumo
nesta loucura sempre real
Assim voa o prumo
Nata/reza desregral

by Luiza Borba (foxy lady)

ps: este foi um poeminha que eu fiz para um trabalho de escola, minha professora não só não quis aceitar ele, como me deu zero...fazer oq, né? não podemos agradar a todos, se ela acha meus versos não valem sequer uma nota, e ela tem autoridade suficiente para impor isso... a única coisa que posso fazer é não ligar e seguir em frente
xP

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Risque o texto



Felicidade é o tipo de coisa que pode ficar bagunçada, espalhada por ai. É o tipo de coisa que não tem regra, métrica ou escrúpulo. É o tipo de coisa que não é bem uma coisa, e também não dá para imaginar. É o tipo de coisa com (mais de) mil explicações, conotações e especulações. É... hum.. tipo uma coisa esquisita mesmo, e, como o ar, só nos cabe acreditá-la e sentir lá no fundinho do peito seus carinhos refrescantes.
Eu estou aqui, sentada no chão da rodoviária, esperando minha carona para casa chegar, com este caderninho na mão, numa cena colorida e poética de se lembrar. Eu estou em mim, escrevendo só o que acredito.
E o mais triste mesmo é esta sensação - momentânea, repentina e frequente - deque só serei feliz quando encontrar alguém para amar como os poetas. Mas, realmente, eu nem sei se quero ver meu ser amando novamente, dói um tanto quando acaba a ilusão, e a gente fica achando que é um líquido, sem forma própria. Talvez eu não devesse ter escrito isso, não faz sentido nesse texto, não faz sentido nessa vida. Então está resolvido: risque este último parágrafo daqui, amável leitor.
Sei bem que você já deve ter reparado em minha letra excessivamente trêmula. É que me encontro dentro do ônibus agora, neste fim de domingo com gosto de alegria bem vivida. É a minha rotina louca em sensatez. É esta noite rouca em visível realidade.
Estive pensando naquele negócio de "a felicidade se encontra nas coisas pequenas". Não sei se é verdade. A felicidade pode estar em qualquer lugar, só que talvez a nossa assimilação seja limitada, e por isso os fragmentos nos marquem mais, uma forma engraçadinha de resumir fatos.
Outra coisa que não acredito muito é que ela consista na paz de espírito, visto que nós também gostamos de ser inquietos, e até na tristeza vemos graça.
Algo que provavelmente conseguirá exprimir essas duas últimas fugas da regra é o fato de que o universo inteiro deve ser magnífico, mas a parte dele que consigo guardar comigo no momento é este céu estrelado, só esta partezinha. Isso deixa o ser humano instigado e faz com que muitos tentem ir além, eles não estão em paz ou conformados, e são felizes assim, não são?
Pois é, a felicidade não deixa de ser toda essa imensidão, assim como uma estrela não deixa de ser grandiosa, eu é que só consigo ver pontinhos.
Este caderninho tem folhas pequeninas, o que me faz não ter certeza sobre o real tamanho destes meus pensares. Gosto de acreditar que eles medem o infinito, mesmo que usem poucas linhas, faz parecer que eu conheço as grandes dimensões do começo ao fim, acolhedora ilusão.
Sabe o que lembrei agora? Outro dia me falaram que meus textos são pesados, que eu falo demais neles (também). Sei lá se é verdade. O que você pensa sobre isso? Aqui eu estou escrevendo nada com coisa alguma mesmo, estes parágrafos não contam como exemplo. Na verdade eles só contam como duas folhas a menos no caderninho, ou como tempo esvaido à toa. Neste instante você deveria dizer que meu texto é adorável, e eu ficaria feliz assim. Não? Não vai dizer? Tudo bem, risque o texto inteiro se quizer, necessário leitor, não escreverei mais nada (neste texto).

by Luiza Borba (foxy lady)

quinta-feira, 25 de março de 2010

Fartesia



Um all star chinelo nos pés
E eu queria alguém
assim
para cuidar bem
de mim

Sinto falta
de você
Querido excesso
sinto fatos do viver
De que me impeço

Quero de volta, meu amor
você que não conheço
aquele amador
sem endereço
Quero bastar-me
deste frio
sem compromisso
deste vazio
deste hino submisso

Um all star chinelo nos pés
E eu me livro mais agora
Gravo minha vida nessas rimas sem demora
E fico presa
a esta sub-missão
travada bem no fundo
desta lida solidão
travada em outro rumo
do que queria a pretensão
travada descomumente
neste paralelo da razão

Ah! I de mim
não é isso que se ouvirá
Não controlo palpitação
Só a altero no pensar.

by Luiza Borba (foxy lady)

ps: este poema não é muito recente, também não é muito antigo, não me recordo bem quando o escrevi, mas estou postando agora só porque... sei lá... deu vontade (haha)

domingo, 14 de março de 2010

Nós


Não, meu bem
Não é um laço
é um nó
um nó
Entre nós

E a ilusão
E a ilusão?
E o sonho alto
caiu no chão?
Antes meu céu com nuvens
era preenchido
Agora resta este azul
vivo
com gostinho de envelhecido

Essa gula que vem
preenche a vir-gula
como ninguém
e já não é só vazio que eu respiro
Inspirar no vácuo e morrer
Desejo insistente de uma nova vida

No pouco que
me resta
me resta
procurar a felicidade
perdida
em algum lugar
tão fácil de encontrar
E olhar por
esta fresta
fazer festa
nesta metade que
guardo comigo
para sonhar

Um sonho inquieto
de sorrisos
repleto
Um sonho distante
e já estou tão próxima
errante
Um sonho igual
e diferente
da gente
Um sonho real
pra me iludir
de verdade e com vontade
Um sonho!
é o que ainda tenho
de minha cara
metade de nada
com minha cara
inteira sim, obrigada
e já vi minha cara
acreditando em fada

E eu
continuo ai
face faceira
de menina ARTEira
com minha eira e beira
rimando
olhos brilhando
por ser assim
porque tristeza
dá ruga
e mata
com destreza

Rio agora
meu riso de lágrimas
e estou feliz por mim
que desfiz aquele


Não, meu bem
Não é um laço
é um nó
Sim, meu bem
Era um nó
um nó
Entre nós

by Luiza Borba (foxy lady)

ps: a foto incrível deste post foi tirada pela querida "fotógrafa-por-natureza" Camila Ribeiro =D

terça-feira, 9 de março de 2010

Há muito mais que isto

Muito mais do que a necessidade do “ser humano”, pode-se ver a necessidade de ser um alguém incessante. Alguém de uma geração atrás da sua provavelmente ensinou que as coisas não dependem somente de você. Mas, se em um momento começarmos a analisar uma série de fatos, vamos ver que não, as coisas dependem única e exclusivamente da nossa vontade.
“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que desejas, que possui, que sonha, e, principalmente por aquilo que és. Responsabilidade não é nada mais que ter consciência das necessidades de ser incessante.
Ser mais do que pensa que é, viver mais do que a idéia barata sobre o que é a vida, visualizar vitórias enquanto o céu parece ter suas cortinas fechadas e tudo o que surge a seguir são trevas, poder muito mais do que dizem que é possível. Já dizia Fernando Pessoa que sentir é criar, ou seja, se você sente o desejo de algo, logo nasce em ti uma força pra alcançar o que quer que seja. Isso é desejar incessantemente depender de você.
O mundo roda e minha mente vai junto. Acompanho meus pensamentos, reflito naquilo que sou agora. O mundo vai, mas o texto não. O medo de não ter sido tudo o que poderia ser me paralisa, me amedronta. A esperança de ser alguém melhor me estende os braços e agarro-a. Agarro com a força que vem de dentro de mim, dos meus pensamentos, porque me sinto responsável por eles de certo modo.
Tudo depende de mim. O meu universo faz a sua rotatória num eixo que eu mesmo escolhi qual fosse. Se quiser ir pra esquerda, assim vou. Se quiser ir à direita, assim o faço. Mas enquanto eu atendo os meus instintos, as outras pessoas atendem os delas.
Concluo, então, que a vontade desmedida de ir em frente depende de mim. Ser o que planejei ser depende de mim. Fazer o essencial passar a ser visível depende de mim. Ser feliz depende de mim. Viver depende de mim. E estar aqui é muito mais que isso.

Renata Otaviano

sábado, 6 de março de 2010

Olhos que leem, dedos que escrevem

Sempre procurei expressar em 10 frases aquilo que alguns escritores, ás vezes, demoram um livro inteiro para concluir. E não sou só eu, você já reparou que o mundo inteiro anda mais apressado? Até a Terra está girando mais depressa. Clamamos por praticidade e em nossa linguagem digital já conseguimos nos referir especificamente a alguém com apenas duas consoantes - VC. Dia após dia encontramos obstáculos e ganha quem chegar primeiro ao fim da correria. Podemos reclamar por não termos mais Shakespear´s em nossa sociedade, mas muitas voltas este planeta já deu desde o século XVI, brincar com as palavras agora tem de ser algo mais dinâmico e a extensão de letras e pensamentos não se encaixa mais em nossas realidades.
Pense em nosso vocabulário e em nossa personalidade como coisas altamente influenciadas por tudo que nos cerca. A fala surgiu apenas para suprir uma necessidade de exprimir em sons as imagens de nosso mundo exterior ou interior (nunca subestime a capacidade de sua mente), constatando que ambos se intercalam e podem sofrer alterações. Precisamos mesmo das palavras para entender nossas experiêcias e necessitamos de nossas experiências para entender e escolher as palavras.
Com o tempo, no entanto, nós não mais só dependemos dessa junção de letras, nós (solenemente?) brincamos com elas, transformamos a realidade em poesia, proseamos a miséria e até conversamos com autores que, no momento, dormem eternamente a sete palmos do solo. Hoje nós lemos o mundo. E essa leitura é única, pois cada um tem uma forma de ver o mundo, de interpretar um livro, de ler as palavras, porque ninguém é igual, talvez.
É engraçado como letrinhas miúdas num papel podem nos levar para outros lugares: eu já não me sinto mais no limite das quatro paredes do meu quarto. Isso é só porque nós também escrevemos o mundo, e já fazemos isso há uns seis mil anos, influenciamos diretamente o futuro de tudo o que habita esta bola azul gigantesca.
Eu fiz essa volta toda para dizer que é fantástico, divertido e importante poder ler e escrever -afinal, ninguém quer ser engolido por um rolo compressor nessa selva de pedras - e agora que já disse... até mais!


by Luiza Borba (foxy lady)
- 02/02/2010 -

sexta-feira, 5 de março de 2010

Cada um de nós imerso em sua própria arrogância.

Já dizia Renato Russo, o mal do século é a solidão, não sei se já citei anteriormente mas sem duvidas as filosofias de Legião Urbana é uma das que mais me inspira de forma realista e clara, mas as o que se entende por solidão? Há quem diga que solidão é ficar sozinho, eu já penso que seja algo mais afundo, mais profundo, menos visível, é ser rodeado de amigos, ter um ótimo relacionamento amoroso, ter uma família maravilhosa, milhares de admiradores e ainda sim não ter a si mesmo. Solidão é viver em uma sociedade que, a cada dia que passa, se torna mais superficial, consumista, entediante, cercada por pessoas que prejulgam por aparência, situação econômica ou até mesmo por marcas de roupa.
Digo, redigo, tridigo e ainda falo outras vezes pra quem quiser ouvir, por mais que não queira acreditar, solidão e ignorância é o que move a internet nos dias de hoje – e de sempre. A razão pela qual orkuts, facebooks, twitters se popularizam cada dia mais, perceba, eles nunca regridem, apenas aumentam a cada dia, isso prova que a cada dia as pessoas têm mais interesse em amigos à distancia, amigos pela metade, amigos apenas para mostrar que tem amigos – por mais que as vezes nem sejam lembrados como amigos, exceto pelo nome na lista onde estão “amigos”, também representado como “seguidores”. Sem hipocrisia, jogue a primeira pedra quem é que não gosta de um depoimento lindo no Orkut onde alguém que não convive com você diz o quanto você é especial. As pessoas querem mostrar suas fotos na Europa, deixando claríssimo que elas foram tiradas na Europa, querem fotos com trinta amigos diferentes, mostrar foto de um namorado novo a cada semana, foto da melhor amiga de infância que certamente acabaram de conhecer. Querem mostrar, digo, tentar mostrar o quanto são futilmente amados, falsamente vangloriados e rodeado de amigos, amor e dinheiro, uma bela estampa ideal, quando a verdade é que as viagens foram financiadas em mil vezes, os trinta amigos são amigos apenas na hora da foto, e os novos amores nunca duram tempo para se tornarem amores reais. Qual é a verdade nisso tudo? A verdade é que a solidão aumenta gradativamente.
Mil amigos no Orkut, mas nenhuma companhia para um filme no cinema numa quarta anoite. Dar bom dia no twitter (lugar que pra mim, é de autista, fala-se com você mesmo) quando nem se quer sorri para o visinho de manhã. Fala-se com o mundo inteiro através do facebook, mas não se sabe o que acontece no próprio país, olhos e ouvidos fechados para tudo o que é real, afinal, viver no irreal é mil vezes mais fácil.
E sim, isso tudo é inspiração que Renato Russo causa em mim.



-----------------------------------------------
Oi, eu tenho uma redação sobre um tema que eu não sei qual é pra fazer e a unica coisa que conseguia pensar era nisso, acho que ando ficando irresponsável. Fato. Cambio desligo /Lola.

Sou no sono


Escrevo agora com areia nos olhos apenas porque simpatizei com o meu cansaço. Percebi nele um grande motivador de novas ações, um empecilho à inércia. Confio nele a árdua tarefa de me fazer sonhar quando, depois de um dia longo, não quero mais manter meus olhos abertos, de me fazer mudar o tom da vida quando ela parece difícil demais de tocar, de me fazer ir no momento em que me farto de ficar.
Acredito que o sono é a incrível bebida do ser. As pessoas se embebedam dele, e nesse momento entre o exctase e a falta de consciência, elas são tudo aquilo que foram recentemente, elas pensam em tudo aquilo que esconderam no inconsciente, elas vivem tudo aquilo que sonham frequentemente. E comigo não é diferente. Eu sou no meu sono eu, e apenas eu - até por falta de força de ser-me em qualquer outro aspecto.
Continuando com o assunto deste motivador exemplar, eu hoje percebi o quanto pessoas compráveis me cansam, e passei até a gostar mais delas por isso (egoísta que eu sei que sou). O ponto é que é extremamente necessário este momento de insatisfação com a condição que você encontra, seja ela qual for, e ai eu terei de discordar do nosso amado Guimarães Rosa quando diz: "O animal satisfeito dorme", pois só dorme mesmo aquele que não está contente com seu estado de "vivente desperto". Se estamos satisfeitos, a tendência é continuarmos exercendo a ação que nos conforta, e não ir dormir. Por isso, nunca confunda cansaço com preguiça, até porque o preguiçoso está, de certa forma, suficientemente confortado com seu cenário atual - e talvez, momentâneo.
É importante cansar para dormir e sonhar com um novo amanhã. É importante acordar para mudar e evoluir à medida que teu salto alcança. É essencial saltar para ver, tentar, e ter segurança.
Poucas vezes damos mérito ao nosso corpo quando sonolento, mas sem ele, não teríamos nem espaço para dividir dois dias. O relógio acaba de me alertar que já é tarde, e como penso já ter dado o meu recado, vou apenas fazer uma síntese: o cansaço é o motivador, o sono é a motivação, o bocejo é quem constata e o sonho é a fuga da inércia (o estágio que me falta até agora).
Finalizo agora minha tímida homenagem escrevendo que já me cansei destas linhas, e adaptando a canção de ninar que acompanhou minha infância:

Já é hora de dormir
Só espere o sono chegar
Um bom sonho pra você
E um alegre DES-PER-TAR!

Percebeu que a hora de dormir é também o momento de acordar para alguma coisa? Então boa noite.

by Luiza Borba (foxy lady)

quinta-feira, 4 de março de 2010

Sem rumo


Queridos internautas, encontrei este texto no fundo de um bau (literalmente). Ele foi escrito em 16 de fevereiro de 2009 a pedido de minha antiga professora de português, deveríamos falar sobre nossas pretensões. O mais lindo é esse meu reecontro com meus pensamentos, é ver o quanto eu sempre fui e ainda sou eu mesma. Lá vai:

Sem rumo
O que pretendo? Começo essas linhas não pretendendo fazer um bom texto. Posso pretender fazer um final inspirador, que te motive a mudar algo em sua vida a partir da minha. Mas não ousarei tanto, apenas por não entender como um pequeno facho de luz pode querer ousar.
Facho de luz, migalha de pão, grão de areia, denomine-me do jeito que julgar mais adequado. Apenas peço para que não se iluda, caro leitor, porque palavras bonitas nem sempre retratam beleza, e esses poéticos apelidos colocados sobre minha pessoa provém inconscientemente do nome "nada". Exatamente. Não valho nem sequer um mísero centavo para a sociedade. Perguntar para o mundo quanto ele pagaria por mim é igual a perguntar o mesmo de uma ameba.
Já que não sou nada, nunca serei nada, e nem posso querer ser nada, começo, então, a ter em mim - assim como Pessoa - todos os sonhos do mundo. Sim, pois é muito mais fácil sonhar e pretender na pele de uma ameba. Sejamos todos amebas! Viveremos com suficiente ignorância para encontrar perfeição em tudo, e no amor não encontraremos dor, e sim, versos singelos.
Inspiradora. Não mais palavras tenho para tal situação. Agora passarei a andar aos joelhos da burrice: para ver tudo e todos maiores do que realmente são. É, essa é uma grande pretensão. Daquelas que só se encontram na mente dos pretenciosos.
Sei que te aborreci com os meus pensamentos, e por eles peço desculpas. Voltaremos ao que pretendo.
Não pretendo nada que dure muito mais tempo pretendendo. Buscarei então em meu cérebro algumas pretensões mais duradouras. Só não sei se pretensão é a palavra certa para mim. Não pretendo nada. Eu preciso, almejo, batalho, construo, sofro, e, por fim, sorrio.
Logo, eu preciso comunicar mais, aproveitar mais, ser mais, dedilhar mais cada minuto de minha vida e melhorar mais. Eu almejo uma vida inteira pela frente, a ilusão do amor, poesia, filhos, uma carreira que não caia na rotina, cinco prateleiras de livros, vários instrumentos, sol, alegria, sonhar com a infância infinita, perceber que ficar mais velho não era a solução para os meus problemas, e uma casa no campo. O resto vem depois, como consequência. Afinal, a vida é mesmo uma consequência maluca onde uma coisa leva à outra e (há que diga), nada é por acaso.
Parei de escrever e olhei para meu quarto. Me emocionei. Vejo aqui tanto de mim, dos meus gostos, meus costumes, meus momentos, meu aconchego, minhas lágrimas, minha infância, minhas roupas, minha escola, meu estilo, minhas sementes, meus frutos, minha cultura, EU! Pretendo jamais sair daqui, mesmo sabendo que amanhã, quando acordar, essa será a primeira coisa que farei.
Engraçado isso. Pretender sem a intenção de cumprir. É a vida, é bonita e é bonita. Gonzaguinha escreveu essa música, mas isso não impede que eu repita: é bonita, é bonita e é bonita.
Como você já deve ter percebido, não sei muito bem falar de pretensões, muito menos das minhas. Me enrosco, mudo de assunto, fujo de tudo! A melhor maneira de compensar isso, então, foi fazer o que já fiz: mostrar minhas verdades e colocar minha cara a tapa. A falta de rumo para as pretensões me deu o título, mas creio que não me dará um final. Mesmo assim preciso acabar logo com isso, o texto já está ficando maçante e você quer prosseguir sua vida.
Acabo agora esse texto, sem um bom começo, ou meio, ou fim. Um texto digno da ameba que quero ser.

Até breve
e boa vida.


by Luiza Borba (foxy lady)

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Filho da esquina


Olha lá o
fura-sacola
O mendigo
pede-esmola
Andando por aí
sem destino
Prisioneiro
do viver
(o mais gentil cretino)

Olha lá a
lua minguando
Sofrendo para sorrir
E o pé-descalço
na rua
tentando não desistir

Olha lá a
poesia surgindo
Enfeitando a
desfeita (da) sociedade
Dando rima
para a vida sobrevivida
daquele ser
que não tem lar
e pensa ser o mundo
sua casa
(Será?)




De como surgiu o poema:
Quero que todos saibam que meu irmão tem sete anos, é lindo e, sempre que pode, me surpreende e me inspira. Foi que um dia ele resolveu que precisávamos comprar uma casinha de cachorro para o vira-lata que está frequentemente em minha casa, seu argumento para a necessidade da casinha foi:"É que o Oddy (já demos nome para o cachorro da rua) não tem casa, e dai pensa que o mundo é a sua casa".
E eu fiquei pensando naquilo, adaptei para uma realidade humana, senti e escrevi a poesia.

ps: na folha original, o meu pequeno príncipe desenhou vários tipos de cachorros, para simbolizar o começo de toda essa reflexão.


by Luiza Borba (foxy lady)