Mas falta algo mais nessa eloquência. Falta vida. São só quatro paredes, e são sozinhas mesmo. Frias. De um alanranjado indiferente. Áspero. Eu as uso apenas como escape para me encontrar.
-Encontrar o quê?
-Encontrar-ME!
-Onde mais eu estou?
-Em mim!
Pronto, resolvemos então o problema principal. Este corpo com gosto de vida iniciante, esta respiração ansiosa e imprecisa, estes olhos que me contatam com o mundo exterior e me fazem sentir, este coração vivo, entorpecidamente eficaz, este conjunto de muitas células é que é a eterna morada de minha alma. É o espelho preci(o)so que sempre me refletirá. É onde sempre quero - e conseguirei - estar.
Vejo-me como um ponto de encontro abstrato, ambulante e incerto, posto que não estarei sempre aqui. Sou como uma esquina perdida, fácil de notar. Minha estrutura, extrema que é, não sustenta mornitude. É feita de juventude. Ou está por cima, ou por baixo. É um giz riscado. É a medida inimaginável da contradição, que só não se contradiz no instante.
Sim.
Sou eu a casa de minha imaginação.
Sou minha vida vivida (ah!) sim!
by Luiza Borba (foxy lady)