domingo, 27 de dezembro de 2009

Não, não é um ponto final,

aTalvez seja possível incentivar a inspiração. Vamos tentar, não é mesmo? Faz tempo que estou querendo escrever, mas as coisas aconteceram de tal maneira que só agora vou começar a tentar. São 4:28 da manhã de um fim de domingo sabor coração-vivo. O Natal de 2009 já passou, mas não é ano que vêm ainda. Não vou perder seu tempo chorando fatos e nomes de pessoas aqui, não, isso não faria sentido. A vida é tão preciosa que seria uma lastima eternizá-la. É muito mais saudável se surpreender com memórias antigas e torná-las novas.
Nos últimos segundos meu computador travou, e então eu parei para pensar no porquê o universo está conspirando contra a criação deste texto. Eis a conclusão: acabei de perceber que pretendo com essas linhas finalizar mais uma volta da Terra em torno do Sol, e, de repente, couberam nos últimos 361 dias, minutos suficientes para tragar meu ser, multiplicá-lo, dividi-lo, subtrai-lo e somá-lo, ainda sobrando 4 rotações para este planeta. É muito importante portanto, que não se acabe, simplesmente não tenha um ponto final. Mesmo assim me ligo muito em memórias, e essa junção de parágrafos é importante para a continuação dos meus acontecimentos. A solução perfeita que acabei de bolar foi o título.
Mas, por favor, querida autora, você não acredita mesmo que isso vai enganar alguém, acredita? Expresso agora a minha completa raiva da consciência da incompetência humana: mesmo com minhas tentativas, se uma pessoa quiser morrer, ela morre, se um indivíduo quiser te ver sofrer, ele consegue, se um siri quiser te proporcionar uma história de amor, ele vai, se uma viagem para o exterior quiser te fazer entender, você entenderá, se o passado não quiser passar, ele fica, se a vida quiser te fazer feliz, nada te fará parar de rir, se um abraço quiser te envolver, ah... só as voltas que ficam difíceis... estou esperando por uma certa senhora desde que senti sua pele fria dentro de uma cama nova de madeira. Essa constatação foi mórbida o suficiente para fazer meus olhos pingarem. Sabia que nenhum dos meus filhos vai abraçar essa senhora que não voltou mais? Nem eles e nem você, bem feito. A gente demora tanto pra perceber que todo o tempo do mundo não existe perto do nunca mais. E quando percebe os olhos pingam.
De que serve ser humano, construir a bomba atômica e saber plantar tomates se nada basta? Algumas constatações são mesmo engraçadas: nada satisfaz a humanidade. Numa ceia linda de Natal todos os queridos se reúnem numa noite feliz para procurar fora de casa o conforto da companhia. Ligam para todos os ausentes num descontentamento interessante de tudo o que o cerca. Numa tentativa curiosa de alcançar lá longe o sorriso que o espera ao lado para um abraço. Numa alienação intrigante à verdade de que não, não se dá beijos por telefone. A gente sempre quer o que não têm, porque não se almeja o que está em mãos. Na verdade saboreamos mais a conquista do que o objeto. Gostamos mesmo é de poder fazer a ligação. Sorrimos mais por amar do que pelo amado, como já dizia Nietzshe. Vibramos mais por ter chegado à lua do que por sentir toda aquela roupa espacial e ver aquela imensidão escura. É por isso que costumamos não comemorar a rotina.
Mas eu comemoro. Quer dizer, comemorarei.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Melhor homem do mundo.

Muito tempo sem postar por aqui. Peço minhas sinceras desculpas à Luiza, aos Leitores e a nossa nova integrante, Renata, que nem boas vindas eu cheguei a dar, mas a vida ficou corrida e até meio dramática. Nisso a inspiração faltou, o tempo correu mais rápido e... quando eu vi já era final de ano, como pode? Foi o ano mais rápido e ao mesmo tempo turbulento da minha vida, sem duvidas.
Hoje, 26 de dezembro, um dia depois do natal, quem é que não fica inspirado e sensível nessa época do ano, difícil né? Esse ano foi um ano cheio de altos e com muitos, inúmeros e exagerados baixos, sem duvidas, mas eu tenho uma tese, anos impares são sempre piores que pares pra mim. Parece loucura, eu sei, mas é sempre assim, coisas difíceis acontecem em anos impares, doenças, mortes, tragédias. Mas não estou aqui pra falar sobre anos, e sim sobre o que me inspirou.
Minha família é daquelas que briga, briga, briga e no final do ano, dia 24, se reúne todo mundo pra comemorar, comer, conversar, rir, rezar, depois briga de novo e no dia 31 se reúne pra contar os segundos até o novo ano chegar. Agora sabem de onde vem o meu jeito bipolar, briguento e bravo, típico de alemão, sem duvidas.
Fiquei feliz de ainda ter o melhor homem do mundo presente em mais um natal da minha vida, meu avô, apesar dos 3 AVC’s, 2 Pneumunias, Herpis no olho e de ter quebrado a bacia pra piorar tudo, ele tava lá, forte, conversando, rindo, brigando, reclamando... tipico Cardoso. Contando histórias de quando ele conheceu a mulher mais linda da cidade – minha avó – e de como ela era de olho no dinheiro dele. 64 anos de casados, uma vida e meia, é pra raros. (Entrada para raros?). 5 filhos, 12 netos, 13 bisnetos. 90 e tantos anos, o começo de Alzhmer faz com que ele comece a esquecer certas coisas, mas me emociono cada vez que penso que sou a única pessoa que ele nunca esquece, pessoa por quem ele se emociona cada vez que diz o nome, me sinto privilegiada, também, quem não se sentiria? Sou a neta mais nova, a princesinha, a mimada.
Tenho orgulho de dizer que eu tenho na minha família o melhor homem do mundo, lógico, cheio de defeitos, mas aquele homem que nunca nem PENSOU em dizer um não pra ninguém. Podia ser algo impossível, mas ele tentou até o fim. Um avô bravo, teimoso mas que fazia café da manhã e levava na cama pra mim todos os dias, que me mimou todos os anos que pôde, que soube ser generoso, que tem um caráter que eu tenho certeza que não encontrarei em homem nenhum. E é exatamente por ter essa imagem de homem que eu afirmo com todas as certezas que os homens não são farinha do mesmo saco, não são iguais e não são todos que não prestam.
Sensível a ponto de, mesmo com dor, mesmo sofrendo, mesmo se sentindo mal por estar dependendo tanto dos filhos, netos, olhar para a bisneta de 1 mês e falar, “Oi fiinha, olha, ela tem brinquinho”; Engraçado ao ponto de olhar pro outro bisneto e falar “Mas você ainda não cortou o cabelo? Ora!” Romântico ao ponto de falar pra todo mundo ouvir “A Maria era a mulher mais linda da cidade, e eu o homem mais feio” Orgulhoso pra dizer “Temos 64 anos de casado”. Preocupado com o próximo quando pergunta “Como está da recuperação da cirurgia?” e até meio criança pentelha quando pega a bolinha terapêutica e joga na minha avó logo após dizer “UM DOIS E SEIS”, lógico, ela revida. Cardoso a ponto de não gostar de se sentir inútil.
Eu, que sou uma pessoa que dificilmente choro, termino o post com lagrimas nos olhos, e vou correr pro banheiro lavar, afinal, ser forte é indispensável, principalmente tendo uma mãe sensível como a minha. Só não sei até quando vou agüentar ver meu avô se emocionar na minha frente sem chorar junto. E estou me preparando emocionalmente pra quando isso chegar ao fim, que não está longe de acontecer.
Enfim... é isso.
Homenagem ao melhor homem do mundo. Silvio de Paula Cardoso.







Legenda da foto do Orkut: "É que nessa foto aparece o meu avô. Cara, pensa em um avô que te mima sempre? Que te trata como princesa, que faz tudo o que você PENSA em pedir sem nem precisar pedir, sabe? Ele é, definitivamente, O cara. Perdi as contas das vezes que ele “invadiu” a escola atrás de mim quando eu tava passando mal. Perdi as contas das vezes que ele foi atrás de açaí pra mim quando eu tava morta de cansada pra sair pra comprar, depois de um dia de escola, trabalho e treino. De quando eu chegava em casa e ele tinha comprado coxinha, sorvete ou coca cola escondido pra mim D: . O cara que fazia a melhor batata frita do mundo! (lotaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaada de sal) Que fez da neta que vos fala, a pessoa mais dondoca da família. Um vencedor, um amor, um homem de verdade, o melhor avô do mundo, (vó, vô e dudu)"

domingo, 20 de dezembro de 2009

Fins e começos = F# e Gb

Olá todo mundo, o que se segue é o meu discurso de oradora... exatamente, me formei esse ano na última sexta feira (18 de dezembro) na oitava série do ensino fundamental e fui a oradora da minha turma. Quero dizer que tudo isso foi muito importante para mim, porque ano que vem eu mudarei de escola, o que significa que não estarei mais estudando com as pessoas que convivi 5 dias por semana nos últimos muitos anos, por isso eu comecei meu discurso com um trecho da canção Nada será como antes, do Milton Nascimento:

Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol

Pois bem, hoje eu estou em clima de festa. Fui colocada aqui com esse microfone e vou fazer o que sei melhor: ser eu mesma. Para ser bem sincera? Vou ficar muito orgulhosa de mim se conseguir não errar o texto ou chorar até o fim da noite, o que, acreditem, não é fácil, afinal eu olho pr´aquele canto ali (me referia ao canto onde estava minha sala) e, olha que coisa mais linda, mais cheia de graça: eu vejo heróis!
Não que eles tenham salvado o planeta Terra de um monstro gigantesco com seis olhos, ou viajado pelo espaço para destruir um meteoro em chamas que vinha em nossa direção. Mas é que nos últimos oito anos nós desfrutamos deste poder aqui (apontava para a cabeça), e fizemos uso de um armamento mais singelo, por vezes anônimo, mas de incrível capacidade: a caneta, representando o excelente papel de arma, em prol da liberdade de expressão e a sede de conhecimento, e o papel, como defesa, local para argumentar e guardar os mantimentos da mente.
Para tanto, contamos com o proveitoso auxílio de um grande número de professores. Acontece que nós subestimamos demais a palavra professor, sendo que na verdade, ela é sinônimo de formador de pessoas. O professor é no mínimo um ser inspirador, afinal, num mundo com tanta ganância, disputa e egocentrismo, ele está disposto a compartilhar seu conhecimento, nos dar tudo o que têm.
Em nossas vidas ganharemos muitas coisas de muitas pessoas. O educador, no entanto, é aquele que nos dará a única coisa que nunca poderá ser tirada de nós: o conhecimento. Com eles aprendemos que isso (aponta para a cabeça) e isso (mostra o papel em forma de escudo e a caneta) é tudo o que precisamos para mudar o mundo.
Disseram-me uma vez que somos o resultado de tudo o que nos cerca. Muito obrigado Dona Eunice (diretora), Dona Cleide (vice-diretora), Conceição (coordenadora), Dona Vanessa (coordenadora também), ai gente, eu sou tão esquecida... que medo de esquecer alguém... mas enfim, todos os serventes da escola e professores, que nos fizeram ser quem somos, e acreditaram em nós até mesmo quando nós não acreditamos, que sempre esperaram que viéssemos com o uniforme no dia seguinte. E a você, como diz nos bilhetinhos, pai, mãe, ou responsável, obrigado, muito, muito, muito, muito obrigado.
Para encerrar, eu queria só falar algo que me ajuda muito em dias difíceis e que representa bem a conquista que estamos selando hoje: " Quando nada parece ajudar, eu vou e olho o cortador de pedras martelar até cem vezes uma pedra, sem que a mesma apesente sequer uma rachadura, até que na 101ª vez, a rocha se parte em duas, e eu sei que não foi aquela única tentativa que conseguiu, e sim todas as outras que a antecederam".
É isso aí gente, em meio à tantas coisas, nós conseguimos, construimos amizades tão gostosas, aprendemos a conviver uns com os outros. 2009 passou... e nós também! Agora, bem armados e preparados, é hora para uma nova jornada...
PARABÉNS 8ªB, O ENSINO FUNDAMENTAL TERMINA AQUI!

( não, eu não sei cantar, sim, eu errei o texto e estava nervosa, mas tudo isso foi muito de coração e eu espero ter feito minha sala feliz =D)

by Luiza Chiesa (foxy lady)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

NOTA RELEVANTE

Olá a todos, eu sou a Luiza (foxy lady) e vim aqui só pra avisar que a partir de hoje - na verdade a partir de ontem à noite - o Exílio Urbano vai contar com mais uma integrante: a Renata, nossa mais nova querida exilada, que passará a compartilhar seus pensamentos conosco e trilhar seu caminho ao exílio. Estou ansiosa com essa "integração" e espero que todos gostem.

RECADINHO PRA RÊ: flor amada, seja bem vinda ao Exílio Urbano, acredito que você vá gostar da vida aqui no Exílio, vou tentar te tratar bem (haha).


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Homem Primata

Este é um teatrinho que eu fiz pra uma apresentação escolar. Transformei a apresentação num monólogo para poder facilitar a compreensão. A personagem é um mendiga. A encenação tinha que ter como base a música Homem Primata, dos Titãs.

Homem Primata
Nada é o que parece... Evolução... É assim que chamam essa mudança do homem? É? De bicho para ser humano! É, estamos diferentes mesmo. Falta o rabo, o pelo ficou pouquinho, né? Sim, ficou!
Mas, olha que coisa! Ainda... Olha lá! Inventamos línguas, várias línguas pra falar, criamos normas certas para total compreensão... e, de que adianta? Nós sabemos falar! Aprendemos e é muito emocionante quando falamos pela primeira vez , e, de que adianta? Sempre olhamos para os nossos amigos macacos e descobrimos que o melhor mesmo é a força, a lei do mais forte... como na selva. Uma selva de pedra. Sim! De pedra! É só olhar ao seu redor. Vai lá, olha! Não precisa olhar pra mim não, olha o concreto! Onde está a árvore ais próxima?
Bom, aqui árvore já até virou ponto turístico, não é mesmo? Nome de cidade: Guararema, pau d´alho, peixinhos no rio, pão! É... que alegria alimentar os seres áquaticos, que gostoso esse contato com a natureza. Tanta gente precisando de comida e vocês lá, jogando pão pra bicho que de fome não vai morrer... EU MORRO DE FOME TODO DIA! Ah! Gostamos tanto desse contato que até nos matamos, para nos igualar novamente aos animais. Engraçado isso não? Temos hoje a chance de nos desvencilhar do instinto, para não cometermos injustiças, no entanto, cada ez mais voltamos, recorremos a ele.
No mundo hoje é o instinto e a fé. Fé. Não sei pra que tanta reza. Sim porque, analisa comigo, acompanha meus passos: o homem mata, é ganancioso, está em débito com a sua raça e consequentemente com a força maior, espiritual. O homem está em débito com o planeta, e consequentemente com a força maior, espiritual. O homem está em débito consigo e consequentemente com a força maior, espiritual. O homem pelas minhas contas então, só tem dívidas! Com nós sendo tão culpados... como ser a favor disso?
Sim, existem as pessoas diferentes, mas como dizer quem é o certo? Como se mede isso? Não se mede! Então ou se é a favor ou se é contra. E com as dívidas...huuummm. E com a lei do mais forte... huuummm. É cada um por si e Deus contra todos. E é claro que não tem um lugarzinho no céu para nós. Você deixaria um ladrão morar em sua casa? Deixaria? Logo... fique tranquilo: você vai morrer, e não vai pro céu. Nem precisa tentar. É bom aprender, a vida é cruel!
Evolução... É assim que chamam essa mudança do homem? É? De bicho para ser humano? Desde quando SOMOS humanos? SER HUMANO! Tá ai um bom objetivo! Quem sabe sendo humanos nós consigamos tirar a miséria da África! Até lá... humm... me dói só de pensar.
Olha, pense um pouco no que somos... Nem precisa pensar, porque isso é algo muito difícil para nós irracionais. OLHE o que somos! Nós conseguimos transformar cura em maldição. Conseguimos transformar uma boa... oportunidade que se diz, né? É... uma boa oportunidade chamada capitalismo virar fome, miséria, pó. E onde ficamos nós? Onde estamos? Não sei. Estou perdida... perdida na selva de pedra. Preste atenção em mim! Estou perdida na selva de pedra! Eu me perdi. Exatamente. Perdi meu ser, perdi quem eu sou, para voltar a ser o animal que era.
Nada é o que parece... Evolução... É assim que chamam essa mudança do homem? É? De bicho para ser huma... Pois é... mudar, mudamos. Só que cadê a evolução? Tenho sede de evolução! Hoje em dia tudo está a venda. Água se compra, mas, e se a minha sede for de evolução?
É... homem primata... capitalismo selvagem... OooOOOooO

by Luiza Chiesa (foxy lady)

sábado, 21 de novembro de 2009

20 de novembro

Não sei se falar do pior lado de uma raça tão digna e importante para o nosso presente seja a melhor forma de mostrar minha afeição. Não consegui, no entanto, escrever um texto à altura... quem sabe mais tarde, não é mesmo? Sei também que hoje não é mais o dia da consciência negra, mas fui proibida de navegar na internet por uma semana (e o castigo tinha fim ontem).
Anyway, o que se segue são textos escolares que eu fiz ao longo deste ano. Não, não vou deixar um dia tão especial passar em branco - isso deu um trocadilho, não deu? -, então vamos lá:

O atraso é branco
Flores escuras submissas em um jardim parceladamente cinza. Pérolas que se escondem em suas ostras, pensando não ter valor. Lirismo a parte, essa cena se repete sem nenhuma poesia nos mais diversos locais em pleno século XXI por toda a idolatrada Brasil, que tem seus bosques com mais flores, mas que esquece a importância das raízes negras.
Há 12o anos, os negros conquistaram a privilegiada oportunidade de viver a miséria das ruas brasileiras. Desde então vêm tentando viver sem serem julgados, menosprezados. Vêm tentando encontrar um pedacinho de terra para tocarem a vida. Vêm tentando ser o que são.
No caminho da jornada árdua, suando sangue e comendo vida, o negro encontra apoio, ganha causas, vira cotas em universidades, e então consegue mais preconceito. Pessoas sem cultura que pensam que quanto mais melanina você tem, menos digno você é.
Na prática, o IDH no Brasil de negros e brancos, se for comparado, mostra um desfalque de cinquenta posições para os pele-escuras. Na prática, enquanto brancos estudavam, negros labutavam. Na prática, é possível medir dignidade pelo Índice de Desenvolvimento Humano? Não, apenas desenvolvimento humano.Pare de pensar no quanto "desenvolvido" é o homem que se julga melhor que alguém que se foca em receber o que lhe é devido, pelo menos o justo.
Os negros tem de lutar por espaço na sociedade só porque a mesma é governada por brancos. O atraso não é deles. O atraso é do último país na América Latina que aboliu a escravidão. O atraso é de quem leva cor, e não cérebro, na cabeça. O atraso é de quem não abriu as ostras ou cavou a terra e viu somente uma imensidão negra. O atraso é de quem fez da oportunidade da liberdade uma triste ilusão. O atraso é branco.

by Luiza Chiesa (foxy lady)
[continua...]

As quatro paredes

Dizem que as paredes ouvem. Para mim elas falam. Ouço sua vozes como quem recebe uma notícia desagradável. Não sei explicar muito bem o mistério de minhas paredes falantes. Sei que elas continuam a narrar fatos e ousam pedir para que eu reflita. Acontece que as minhas conclusões até agora terão consequências tão inúteis quanto falar com as paredes.
Sim, eu falo com as paredes. Já tentei conversas com árvores, bonecas, ursinhos de pelúcia, lápis, papéis, mas aqui estou eu - estou eu e as paredes.
As quatro são o ponto fixo de meu olhar. São como uma janela que me faz descobrir um mundo através dela só com o pensamento. E depois de todos os poréns e descobertas, descubro que elas continuam sendo apenas paredes. E eu, apenas uma raposa que já deve ter desbotado.
Quando se vive num mundo de fantasias, fica cada vez mais difícil encarar a realidade (e saber disso é encarar a realidade). Quando se está muito confusa, fica cada vez mais difícil escrever um texto de qualidade (e saber disso é constatar para si o medo de confundir o leitor). Quando se está perdida... quando se está perdida o que fazer para se encontrar?
Não sei, são muitas as dúvidas e minhas paredes não param de falar.

by Luiza Chiesa (foxy lady)


feito provavelmente no dia 15 de setembro

domingo, 15 de novembro de 2009

SER humano

olha gente, esse foi um rap que eu fiz pra uma gincana que teve na E.E. "Ivan Brasil"... sim, sei que é estranho juntar em uma frase só LUIZA e rap, mas você já se acostuma.

SER humano

Aviões carregados sobrevoam o país

Soldados alisam armas

Uma vida não é nada nos pregões de Wall Street

Estamos perdidos neste rio de lágrimas

Seu olho é o espelho que tudo reflete, mas nada vê.

É preciso ser humano para um novo dia

Como negar a sua cumplicidade se nem ao menos pode fingir que está vivo?

Pintam de azul o mar vermelho

Atiram bombas no céu que morre

Paris caminha sob nuvens cinza

O inferno astral já começou aqui

É preciso ser humano para um novo dia

A vida morre na lei dos sete palmos

O mundo vive na esperança de sete vidas

Encontramos fugas e sonhamos nossa evolução

Guerreamos lutas sem saber qual é a razão

Seguimos passos frios e esquecemos a humanização

No meio de tudo isso é tão fácil achar a solução

É preciso ser humano para um novo dia

A selva entra em nossa vida em forma de caos

A vida some de nossa existência em forma de mal

Precisamos olhar para todos de igual para igual

Num caixão ninguém é diferente. Que coisa mais normal!

É preciso ser humano para um novo dia

Numa manhã o sol raia para todos, vem sem agonia.

É preciso ser humano para um novo dia

Numa manhã o sol raia para todos, vem sem agonia.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Três perguntas

Três perguntas: o que é ser político? Por que ser político? Como ser político?
...
...
...
Já sei! Se político deve ser ver um problema buscar sua solução perpétua e não momentânea. Preocupar-se e sensibilizar-se com o todo. Ter em vista as falhas da sociedade. Ser a mudança que quer ver.
Ser político então é algo incrível. Porque, calcule que nossa espécie vive em bandos gigantescos, onde um agrupamento de 20 mil pessoas é considerado pequeno. Pense que os líderes desses bandos são, na maioria das vezes, movidos por interesses próprios e pela vontade de continuar na posição que lhe foi elegida e tem seus olhos fixos no poder aquisitivo da população, que por sua vez, espera de braços cruzados ver as melhorias necessárias acontecerem. Acredite que no meio de tudo isso existam seres como os que eu citei no parágrafo anterior e veja como eles são tudo o que a situação pede.
Agora, voltando à segunda interrogação, se o que buscamos é um mundo onde possamos viver e encarar a realidade de forma saudável, ser político é o caminho mais certeiro, pois é também uma incrível forma de contribuir com a sociedade em um grande número de coisas apenas sendo nós mesmos.
Mas, no momento, a pergunta que não quer calar é: como ser político? Como se tornar este ser? Será que é possível?
Bom meu amigo, eu diria que, se a vontade já surgiu e essas perguntas não lhe saem da cabeça, você já tem meio caminho andado. Falta agora fazer uso disso na próxima oportunidade e se informar mais sobre os assuntos do mundo, pensar nas soluções. E ai, o que está esperando? Pare já de ler este texto e vá ser político!

by Luiza Chiesa (foxy lady)

domingo, 18 de outubro de 2009

Bem Simples

Peço mil desculpas por estar colocando meu poema desta forma no blog, mas foi a única maneira que eu encontrei de exibi-lo usando o blogspot.

Bem simples






quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Escadas

Desço as escadas
A vida ruma
Tenho uma poesia, só uma
Só uma linha
de pensamento
Que me separa como um muro
Da sociedade de mentes
em confinamento

De você estou separada por um papel
Um avião me separa do céu
A loucura me separa do chão
O que me separa da fome é o pão

Mas o que me separa do ridículo?
O que me separa de mim?
Nada. O traço do ridículo não tem fim.
Sou ridícula para o mundo
As rimas são um ridículo profundo
Não somos um ridículo para você,
Afinal ainda está aqui
Como bem se vê

Subo as escadas
A vida ruma
Sou uma pessoa, só uma
Só uma pessoa em tormento
Que vê em tudo um furo
O furo do vazio que me falta por dentro

by Luiza Chiesa (foxy lady)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ex-clamação

Por enquanto em meu papel só tenho um título. Daqui a pouco pretendo ter uma dissertação inteira. Você já parou para pensar que, enquanto lê minhas linhas, a torneira de sua casa pode estar acabando com a água de nosso planeta? É, caro leitor, de gota em gota a gente seca um rio.
Na Terra existem bilhões de pessoas. Dentre elas, 25 mil crianças numa faixa-etária de zero a seis anos morrem - literalmente - de sede todos os dias. Analise que o seu banho mais demorado pode fazer a água não ir para a boca de um desses anjinhos, e sim para um esgoto fétido. Mexendo em dados, em uma galáxia inteira somos o único planeta com vida. Vamos mesmo acabar com ela? Vamos mesmo extinguir várias espécies de animais só porque queremos uma lareira na sala-de-estar? Só porque ficamos com preguiça de apagar a luz?
Já está comprovado que uma vida sustentável pesa menos até para o bolso. Porque então o nosso comodismo? Vamos nos informar! Desligar a tv! Controlar o tempo no banho! Comprar madeira certificada! Reciclar, reutilizar, reinventar! Extrair da natureza o necessário, somente o necessário.
Clamo agora porque ainda temos tempo. Grito para que me ouçam. Para que isso não vire uma ex-clamação e morra na praia, ou só tenha voz quando já não houver tempo. Não deixe isso acontecer. Não somos heróis nem fazemos o impossível, mas, citando Ferreira Gullar:"Somos muitos homens comuns, e podemos, juntos, formar uma muralha com nossos corpos de sonhos e margaridas".
Por enquanto em meu papel só tenho ideias e pensamentos. Daqui a pouco pretendo ver atitudes.

by Luiza Chiesa (foxy lady)

DETALHE INTERESSANTE: com esse texto eu ganhei um concurso, e apareci num jornal de minha cidade como reconhecimento
=DD

sábado, 3 de outubro de 2009

Você não vê a importância?

Vendo as atividades desenvolvidas pelo meu irmão de seis anos, Gabriel, acabei por encontrar - ou confirmar - a resposta para uma questão das mais intrigantes: o valor das coisas.
Aconteceu bem ali, no sofá antigo de minha casa. Estávamos eu e minha mãe analisando cada uma das tarefas escolares de Gabriel. E foi quando passamos mais rápido do que o devido pelas misturas das cores primárias que ele disse: "Mãe, você não vê a importância?". Nossos olhares se voltaram para sua carinha angelical, que prosseguiu:"A cor amarela junta com a vermelha, e forma a laranja!". Essa era a grande importância.
Costumamos pensar que temos os piores problemas. Gostamos de acreditar que nós é que sabemos diferir as preciosidades. Nos confundimos tanto ao crer que o que nós damos importância deveria importar para todos. Sendo que na verdade das verdades, a cor amarela, junta com a vermelha, forma o laranja.
O que tem sentido para você pode não ter coerência alguma para outra pessoa, e nem por isso alguma das opiniões esteja errada, até porque as duas estão completamente certas. Não é a coisa que tem um valor próprio, é você que coloca sentimento nela e faz com que ela tenha sentido para seu ser. E isso acontece com pessoas, objetos, animais, plantas, fotografias, uma calça rasgada e tudo que nos rodeia.
Pense na sua vida como se ela estivesse em uma bola azul gigantesca com um núcleo muito quente e derretido que translada a 107.460 km/h, tem rotação de 1674 km/h e que flutua no meio de um nada infinito. Agora analise o último enigma que você se deparou antes de começar a ler meu texto. Viu como aquilo não era apenas uma página com cores primárias e secundárias? Reparou que em alguma tarde deste ano um menino com seis primaveras de história se sentou em uma cadeira, misturou duas cores e magicamente criou um aterceira, bem como a professora disse que seria, e ali se explicaram todos os problemas da existência dele naquele momento? E o seu último enigma? Te causou a mesma sensação de dúvida que se apossava de meu irmão antes de aparecer o laranja no papel?
Não prevemos o futuro, por isso temos dúvidas que podem ser de mesmo tamanho e ter focos diferentes. Tenho certeza que você já sentiu o mesmo frio na barriga que Napoleão antes de uma batalha. A sensação é a mesma, o que mudou foi o motivo. E dá pra dizer que um motivo é menor do que o outro? Claro que não! Porque você viu o seu fato com a mesma proporção que os filósofos veem a pergunta "Quem somos e de onde viemos?", ou com a mesma dimensão que um recém nascido dá para a descoberta de que pode emitir sons.
E assim, cada um com sua dúvida, cada qual com seus problemas, humores e exclamações, cada ser com suas resoluções e soluções, nós vamos, aos poucos, montando e reformando nossa sociedade - que eu queria chamar de comunidade, mas ai já é outro assunto, uma nova crônica.
E assim montados e reformados, podemos continuar girando, transladando, enfim, indo e voltando para o mesmo lugar todos os dias e todos os anos bem aqui, no meio de um nada infinito que adoramos chamar de universo.

by Luiza Chiesa (foxy lady)

O cabresto

"_Se você não quer se matar e nem massacrar todos ao seu redor _ Diz o comerciante.
_Não quero _ Diz o burro.
_Se você não conseguue matar nem uma mosca sequer e fica se revirando todo para ver se ela toma a iniciativa de sair _ Volta o comerciante.
O burro olha para si mesmo e se depara revirando o rabo para afastar uma mosca:
_Não é que eu sou assim mesmo? Mas temos que admitir que matar mosca não é nada fácil... elas fogem! _ Retruca trsitemente.
_E se você deixa os outros montarem em você como se você fosse um burro de cargas, e até se esqueceu que a palavra não existe...
_Eu sou um burro de cargas! _ Exclama o burro.
_E se você é todas as opções acima e mais algumas, eu tenho a sua solução. Adquira já o seu próprio cabresto. Ele é de graça e ainda vem com opções de cor. É a única maneira de não sofrer. Você só verá um caminho à seguir. E para facilitar ainda mais, nós escolheremos o seu caminho. Você não decidirá nada, não verá nada além do que te mostrarmos, e nem ficará com a impressão de que estamos sugando sua mente. Continue neste canal e adquira também o DVD Minha vida com o cabresto.
_É a minha salvação! _ Concluiu o burro."

Se me perguntassem o nome desta cena, eu diria Cena do cotidiano. Todos os dias, bilhões de pessoas ligam a televisão e descobrem as maravilhas do cabresto. Todas as manhãs as pessoas, ainda com o cabresto do dia anterior, saem às ruas para servir de burros de carga. Todos os dias os burros de carga se contentam em afastar momentaneamente as moscas. As moscas no meio do mundo de metáforas que estou fazendo podem ser aqueles problemas incômodos, que têm como prazer nos fazer lembrar que eles existem, os fantasmas do passado, os traumas. Todos os dias eles fazem tudo sempre igual, e aprendem que isso é vida.
Mas o assustador não são as pessoas no cabresto. São aquelas que não conseguem se cegar. São os motivos que deixam o cabresto tão atraente e inevitável. Vamos aos motivos.
1994. Leste Central da África. Rwanda. Naquele ano, em cem dias, foram mortos aproximadamente 800.000 pessoas num massacre histórico, com estupros e torturas partidos da comunidade vizinha a Rwanda, e, em parte, do próprio povo de Rwanda. Hoje os sobreviventes desse massacre tem que conviver dia-a-dia com os assassinos de suas famílias como bons vizinhos, e perdoá-los.
Esse acontecimento não teve repercursão na mídia e somente quinze anos depois foi feito um filme sobre o ocorrido. Queria o povo de Rwanda ter cabrestos.
Em São Paulo, Brasil, as favelas invadiram 950 áreas verdes, deixando a cidade mais árida. Foi a primeira vez que ouvi falar da miséria interferindo diretamente no clima. E mais uma coisa: essas favelas são cadastradas, como se fossem uma nova comunidade. Sem planos para melhorar isso. Não pense que acabou: essa área pode ser maior, afinal, a prefeitura diz que a Heliópolis, na zona sul (a maior favela de todas) não passa de "uma ocupação pequena debaixo de uma ponte na Marginal Tietê". É muita trsiteza para os olhos. É quando ligamos a televisão.
O ser humano criou um mundo próprio que nós não suportamos viver. Nós trilhamos um futuro que não aguentamos seguir. Quem consegue vai a psicólogos, psiquiátras, apela para os pulsos, adquire um cabresto e fica mais tranquilo, como se tivesse feito o suficiente, até liga a televisão. Mas e o resto?
A televisão é uma propriedade privada - no duplo sentido da palavra - e é controlada pelo interesse de quem a lidera. Não somos nós que escolhemos o que vamos assistir. E quem escolhe, escolhe apenas algo que no fim a beneficiará.
A telinha mostra aquilo que o meio em que ela vive acha de bom tom passar, aquilo que acalma um pouco a alma, afasta momentaneamente as moscas.
A televisão em si é algo incrível. Pense bem: uma tela que passa coisas que aconteceram ou estão acontecendo em qualquer canto do mundo, nos informa assuntos mundiais, nos deixa ligados com as mais diversas informações.
Só que não é bem assim. Apenas porque quem manuseia a tv acaba, em sua maior parte, escolhendo manipular a mente de quem a assiste. Não é do interesse das multinacionais divulgar uma passeata contra as multinacionais. Consequência: ninguém fica sabendo. Ninguém ficou sabendo! Essa passeata aconteceu este ano e ninguém ficou sabendo!
A televisão é como o capitalismo: a teoria não é ruim, só que na prática ela é governada por homens. Ela nos manipula. Nos põe cabrestos. E nós? Aceitamos! É mais fácil assim.

by Luiza Chiesa (foxy lady)

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Depois penso num título

Em todas as épocas, nos quatro cantos do mundo, a sociedade enfrentou um fenômeno que hoje é visto com maus olhos: a gravidez na adolescência. O que mudou foi que, enquanto o futuro das jovens era casar e ter filhos, isso não era um problema. Do mesmo modo, para os índios, alguém de sua comunidade que tenha quatorze anos e esteja grávida é algo natural. Porque então nos dias de hoje e em nossa sociedade isso é motivo de preocupação e repulsa?
Essa não é uma pergunta tão difícil de responder. Atualmente as condições de vida e as prioridades das adolescentes mudaram. A estrutura de uma mulher inclui diversos outros fatores. Somos preparadas para saber sustentar uma família. Nossas preocupações são as instabilidades da vida e o rolo compressor do mundo.
Se uma família surge neste período de aprendizagem, se um filho nasce na época em que mais nos dedicamos ao divertimento e descomprometimento em nossas vidas, a realidade que já nos estava estipulada muda completamente.
Nossos dias e o futuro da criança que estamos gerando serão duvidosos. Sem mencionar os riscos durante a gravidez, visto que o nosso corpo não está inteiramente preparado para esta brusca mudança. O mundo dá voltas, nosso foco mudou e ser mãe não cabe mais na realidade de uma adolescente.
by Luiza Chiesa (foxy lady)

Detalhe Importante

Você
é som
no espaço
É do coração
o descompasso
É a vida
que aos poucos
laço
É a importância
que realço
A memória
que não
me desfaço
É dançar
na chuva
descalço
É a distância
do abraço
É na multidão
A esperança
A pausa pra respiração
A rima que a inspiração alcança
by Luiza Chiesa (foxy lady)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O que é que a baiana tem?

Podia ser um conto de fadas, mas não é. Agora, se você leitor não acredita em amor à primeira vista, ou então em um amor para toda a vida – e quem sabe, para a eternidade – sinto dizer que o melhor mesmo é ler minhas linhas até o final, para, se quiser, ter mais uma história que comprove sua tese.
Aconteceu que no Peru, un viajero Inglés llamado* Geoff Belford fell in love** por uma baiana, como numa mistura incrível de culturas. Era um dia quente e o nosso turista rumava para Nazca, preparado para tudo, com sua câmera fotográfica, binóculos, uma troca de roupas, dinheiro estrategicamente colocado numa pochete, tênis já antigo, óculos de sol, algumas frutas e o celular desligado.
Ele estava em uma van que reunia por si só dez pessoas vindas de todos os cantos do mundo e, é claro, o motorista. Belford estava ansioso com o passeio, e ficou impaciente quando uma francesa pediu para que parassem em algum lugar para levar sua filha ao banheiro. Não havia nada que pudesse fazer nessa situação além de se conformar e descer da van também (já sentia uma ligeira necessidade de esticar as pernas). E foi ali, entre uma van e um banheiro, que ele viu passar uma negra pequena, com todos os seus trajetos e os cabelos encaracolados e soltos, rindo, cheia de si, com uma bolsa na mão e todo o charme do mundo no rosto. Aquela mulher descompassou Geoff de um jeito que quando ele voltou a si, já tinha tropeçado em uma pedra e estava agora no chão, ainda com os olhos fixos nela.
Ela, percebendo o tombo, correu para acudir o homem estranho que a este ponto já acreditava ter encontrado o amor de sua vida. O inglês se sentiu constrangido com a situação, e extremamente lisonjeado por ser o centro das atenções da moça no momento. Não teve tempo para saber muita coisa, descobriu que ela era brasileira e morava em Salvador. O que ela estava fazendo ali não se sabe, afinal, assim são as mulheres misteriosas: costumamos não saber muito sobre elas, e são tão paralisantes que podem até ser chamadas de musas, para os poetas.
É, o tresloucado poeta inglês passou o resto de seus dias no Peru amando nossa pátria amada apenas por ter como cidadã o seu grande amor. Resolveu no aeroporto que sua vida não tinha sentido sem a mulher do nome oculto, e veio parar exatamente no coração da Bahia. Ele ainda não sabia o que tinha naquela baiana de tão especial, o melhor então seria reencontrá-la e descobrir. Quando chegou em Salvador, viu muito mais do que esperava: bateu papo com o acarajé, entendeu que aqui não se fala espanhol, e sofreu muito por causa disso, depois percebeu da pior forma que muita feijoada dá indigestão e por fim conheceu muitas pessoas, das mais diferentes personalidades. Entre tudo isso estava seu foco, o motivo de sua vinda. Pensou que a melhor forma de encontrar sua amada (que não nos sonhos), seria publicar um anúncio no jornal. Com certa dificuldade conseguiu comunicar-se com todos e viu na segunda semana neste país novo em sua vida a matéria sobre a busca pela baiana publicada num jornaleco:
“Procura-se mulher perfeita!
Inglês procura uma baiana misteriosa
Durante uma viagem ao Peru, o inglês Geoff Bertold […] conheceu e se sentiu atraído por uma baiana. Foi uma conversa rápida e ele nem sequer ficou sabendo o nome da moça. Agora está em Salvador com a ideia fixa de reencontrar quem pode ser o amor de sua vida.”

Não deixou, no entanto, de procurá-la sozinho mesmo, entre as ruas da calorosa Bahia. Só que, com o tempo, e com as morenas/ negras/ mulatas/ brancas, enfim, com a beleza brasileira, aquela uma de nome desconhecido, aquela uma que havia o prendido e roubado seu coração, aquela uma, aquela lá, aquela só-mais-uma, aquela era a que ele tinha se equecido.
Nunca reviu o amor de sua vida, de sua primeira vista. Se casou alguns anos depois com outra negra pequena, com todos os seus trajetos e os cabelos encaracolados e soltos, risonha, cheia de si, com uma bolsa na mão e todo o charme do mundo no rosto, enquanto ele ria ao lembrar que um dia no Peru, un viajero Inglés llamado* Geoff Bertold fell in love** por uma baiana, como numa mistura incrível de culturas.

un viajero Inglés llamado: do espanhol, significa "um viajante inglês chamado"
fell in love: do inglês, significa "se apaixonou"

by Luiza Chiesa (foxy lady)

domingo, 20 de setembro de 2009

Improviso

Dedico minhas linhas aos esfomeados
Penso em todos aqueles
que precisam se alimentar
constantemente
Sonho com todos aqueles
que deixam de fadigar
lentamente

Grito pra quem quiser ouvir
E eu só preciso de viver
de ousar me libertar
de amar a beira mar
para ser

Com meus princípios básicos
Ás vezes
Com dores e gestos no meio da rua
Vou seguindo minha história
Vou tocando minha vida
na chuva
Sol
na ida

Todos os dias
preciso de
cor
amor
sabor
e um pouco de prosa
assim como toda rosa

Todas as noites
preciso de
tempo
acolhimento
contentamento
e um pouco de braço
para receber um abraço

Porque as pessoas tendem
a ser feliz
Se rendem
e pedem bis
quando um sorriso paira no ar
É mesmo bonito de ver
É mesmo especial de encontrar
As pessoas sendo felicidade
As pessoas tendo a sua cara metade
E o curso das coisas naturalmente seguindo
Sem findar
by Luiza Chiesa (foxy lady)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Água chamejante

Num olhar vejo
a vida cair
inúmeras vezes
no grupo de vidas
em forma de água

A água me chama
para brincar
Me acende a chama
um sopro de vida em forma de mar
lagoa ou cachoeira
banho de chuva
Não preciso rezar
Só me jogar

Pulo, me solto,
Desvencilho-me do mundo
Caio em transe profundo
e começo a brincar
Logo,
num instante
já sei rimar

A água chameja
Se mistura com o ar
A natureza festeja
Mais um dia para sonhar
by Luiza Chiesa (foxy lady)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ensaio

Agora um pouco de conversa. Só pra lembrar que o 7 de setembro foi semana passada. Independêcia ou morte? Você provavelmente não pensou nisso no meio do seu feriado. Vamos pensar agora.
Você se orgulha do Brasil? Provavelmente não. E isso não é culpa sua, se olharmos de certo modo, a história de nosso país já começou torta. Agora, por outro ângulo, nossa pátria (amada?) sempre foi roubada por todos os lados, e, mesmo assim, estamos trilhando o nosso caminho para - num futuro razoável - sermos potência.
A grande qualidade (e o pior defeito) do Brasil, assim como de todos os países, é o povo. É a população que forma um país, e é portanto, merecedora do mérito por seus grandes atos, e por seus momentos errôneos. O povo brasileiro me causa admiração cada vez mais a cada dia.
Nós nos concientizamos sozinhos de que não temos aqui condições suficientes para se ter muitos filhos. Não foi preciso que o governo implantasse nenhum método contra as taxas de natalidade, e mesmo assim, os nossos índices demográficos baixaram em escalas e com impacto tão grande quanto o de países como a China, que joga sujo para controlar o número de habitantes em seu país.
Nossa nação é calorosa, as pessoas são descontraídas, ao andar pelas ruas pelo menos um ser sorri. Temos ginga e quando queremos, tomamos decisões rápidas e precisas. O Brasil não é mais especial que qualquer outro país, e nem menos ignorante às falhas. Mas, pense comigo: nós nascemos e ele nos acolheu, cuidou de nós, nos deu casa, comida e estamos aqui de roupa lavada, ele riu de nossas piadas sem-graça, lamentou em nossos momentos de angústia, ele vive conosco desde que nascemos e influencia diretamente em todos os nossos atos - sim, porque dizer que o espaço não influencia uma pessoa é tolice, afinal, se tivéssemos nascido na Austrália falaríamos inglês, então, se até o que falamos depende do ambiente em que vivemos... - logo, ele merece um pouco do nosso amor. Amar a nossa pátria.
Não penso que ser patriota significa amar a bandeira e os símbolos de seu país. Nem penso que seja defendê-lo à qualquer custo. Acredito que seja simplesmente amá-lo, criticá-lo, vivê-lo, e por fim, melhorá-lo e merecê-lo.
Sim, melhorá-lo. Pois, assim como uma mãe ensina um filho, um filho, com o tempo cresce, e ensina a mãe. E, citando Gullar, nós somos comuns sim, mas são muitos homens comuns, e podemos juntos, formar uma muralha com nossos corpos de sonhos e margaridas. Nós podemos e somos sim uma muralha, temos todo o poder de melhorar nosso país, afinal, dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada: BRASIL!

by Luiza Chiesa (foxy lady)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A máscara nacional

Verde, amarelo, azul, branco e um céu estrelando o positivismo fundado por August Comte nas palavras "Ordem e Progresso". Você reconhece esta imagem? É claro que reconhece, e essa não deveria ser a pergunta, na verdade eu deveria perguntar-lhe se o seu mundo é essa maravilha garantida nessa bandeira. Será que o mundo dos brasileiros é bem representado pelas cores alto-astral que nos simbolizam todos os dias em todos os momentos?
Atletas sem um lugar adequado para treinar. Músicos sem a aceitação da sociedade. Advogados, psicólogos e psiquiatras loucos. Crianças sem pais, sem paz, sem um país que lute por sua paz. Contas no exterior. Impunidade. Dívida externa. Uma pátria querendo o pior para seus "filhos", os melhores empre saindo da nação. Os piores reinando. Este é apenas o começo do Brasil.
Não sei se me orgulho daqui.Não sei se as coisas boas realmente superam todo o resto. Não sei nem ao menos quem devo culpar por tudo isso: o povo, o público, a classe operante, os pobres, os ricos, ou os nossos representantes.
Onde está a prática da teoria "Viver para outrem" na vida do mendigo da esquina? Ele é ajudado por quem? Pelas cores da bandeira?
Em 1889 foi criado nosso símbolo. Raimundo Teixeira Mendes, Miguel Lemon e Décio Vilares tiveram que trabalhar duro para esconder a miséria do Brasil, se basearam em várias correntes ideológicas para fantasiar uma magia descomunal, que realmente existe, mas está tomada por outro lado que não foi citado.
Não é de samba, ginga e biodiversidade que se constrói um país. Eles se esqueceram disso na criação da bandeira nacional. Quanta amnésia!
Todavia, mesmo que fosse, o samba já perdeu o seu lugar para o "créu" e nós estamos sumindo com a biodiversidade. A ginga, sortuda (ou coitada?), foi a que sobrou, o que até me dá uma certa esperança perante o resto.
O céu que ilumina a todos na máscara nacional é o da maravilhosa Rio de Janeiro, que tenta seguir a risca a marcha do soldado cabeça de papel.
Em 1992 uma lei foi feita para alterar a bandeira, permitindo que todos os estados brasileiros e o Distrito Federal pudessem entrar na pizza azul que encontra-se dividida entre a classe operária e a classe operante.
Como você pode ver, aqui tudo acaba em pizza, e este texto não será diferente, pois mesmo com tudo isso e sem entender o porquê pessoas sem patriotismo nenhum cantam o hino nacional brasileiro olhando para a bandeira do Brasil, eu não estaria criticando tanto o NOSSO país se não o amasse e quisesse o melhor dele. É justamente por ser brasileira e não desistir nunca que acredito na melhora do Brasil e nunca deixarei de amá-lo.
Verde, amarelo, azul, branco e um céu estrelando o positivismo. Sim, eu reconheço esta imagem.

by Luiza Chiesa (foxy lady)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Saudação

Me pediram um texto sobre paz para um concuso na escola ano passado (estava na sétima série). O resultado:

A saudação
A vida que você pensa querer já virou motivo de saudação. Você quer paz, pensa nela como um ideal, e eles sabem disso. Eles usam os seus desejos para serem educados. Quantas vezes não ouve-se a falsidade dizendo:"Vá em paz"? Corpos disfarçados fingindo que sabem alguma coisa.
Você abre a janela enquanto eu começo a narrar sua história. Mas não é uma história comum. Serei maldosa o suficiente para contar-lhe o seu futuro. Agora você está parada olhando para o horizonte, pensando que a paz realmente existe. Seja ela o que for. Amanhã você percebe que essas três letras não passam de uma saudação ilusória de bocas sedentas que nos consomem com suas palavras insanas. Os dias passam, e logo você estará no mesmo ponto que eu: na saudação.
Não me convém pensar na pomba e na bandeira branca sabendo que a paz que elas representam faz a frase:"Peace through strenght" (elouquente, não acha?).
Não tenho mais o romantismo que você tem, e você só o tem por enquanto. Hoje você anda pela rua e vê flores, mas mais depressa do que imagina você verá uma bala perdida acertar seu irmão. Mencionar a paz em nossas vidas? Por quê?
A educação que recebemos, e o mundo em que vivemos não permite a paz, pois ninguém sabe de fato o seu significado, e, talvez, ninguém queira saber.
É possível que a paz seja como o amor: algo irresistível que tentamos conseguir a qualquer custo, e que no final nos deixa sem esperança.
Mas na verdade, a paz não passa de um conceito inventado tentando se realizar. Só espero que consiga antes que você chegue à saudação. É urgente... é paz!
by Luiza Chiesa (foxy lady)

Tudo é nada sem você

Eu mulher
Você mulher
Sua mãe mulher
Clarice Lispector mulher
Grace Kelly mulher
Maria, Maria mulher
A Terra mulher
A vida mulher

Ser mulher?
Quem é?

Procuro a cara deste ser
E descubro que ele é quem está na cara
Dos passo cansados
Da pele envelhecida
Aos sorrisos doces
A boca agradecida
Mulher é mulher
O bem querer que dá vida
O sentimento que chora
Na hora da partida
A força que luta
Sempre sempre cabeça erguida

Ser mulher?
Quem é?

Procuro a cara deste ser
E descubro um mundo em seus olhos
Do seu bebê que nasce
Ao seu bebê adulto
Da água pua de um rio
À casa que esquece lá fora o tumulto
Mulher é mulher
Mas já foi insulto

Ser mulher?
Quem é?

Mulher que cria o mundo
E que guia agora seus olhos
Pelo meu poema moribundo
Não pense na qualidade dos versos
Pois até mesmo as flores ficam ao chão de seus pés
Atente apenas para a verdade ao fundo:
O mundo não gira sem você
A vida não segue sem você
O seu filho não existe sem você
Nada é sem você
Apenas porque,
Tudo é nada sem você
by Luiza Chiesa (foxy lady)

Desespero

Nunca dormiu cedo
Sempre acordou tarde
A vida não passou
Ficou

Como se lastima
quando não se tem nada a questionar?
Para que olhar para o céu
se o que se quer é olhar para o mar?

Nunca dormiu cedo
Sempre acordou tarde
A vida já passou
Soprou

Tudo corre na magia do relógio
Tic-tac vem o medo
Tic-tac não vá cedo
Quando passa
Tic-Tac
O relógio não faz mais
Tum tum tum é o que se ouve
Por favor, não olhe para trás

Como se ilumina
Quando não se tem nada a observar?
Para que escolher caminhos
Se o que a vida quer é não facilitar?

A hora mais tardia chega para dormir
Ao menos uma vez
Cedo acordará
E num piscar de olhos
Já não mais se lembrará

Essa é sua sina
Desespero que alucina
Apenas uma sina
Mais uma sina
Que ilumina
Ás vezes facina
E descobre uma mina
Rimando sempre sempre
Não tem fim.
by Luiza Chiesa (foxy lady)

A Sem Vergonha

Quer saber qual é a visão da sociedade a meu respeito? Então talvez essas frases - adquiridas árduamente através de meus gestos espontâneos durante toda a minha vida - possam te ajudar:
"Por que você não é... normal? Por que você mudou desse jeito? Nossa, por que você tomou banho de chuva? Hey, aquela garota tem uma energia tão boa, tão forte, senti quando ela entrou aqui! De que filme você saiu? Você parece um personagem. Você definitivamente vem e sempre muda a opinião de todos quando começa a falar. Eu gosto porque você sempre fala na cara. Por que você sempre fala as coisas na cara? Um psicólogo pode te ajudar. Sua louca. Você, assim, não tem vergonha nenhuma de ser você, se assumir e fazer o que tiver vontade na frente dos outros... que esquisito! Você não canta bem. Você nunca vai fazer nada direito. Você nunca será uma guitarrista. Você é muito inconveniente. Você cultua Satã. Ficou ótimo! Excelente! Ficou horrível. Você é muito complexa. Você é A garota."
É isso. Essa é a incrível visão que se tem de mim para uma esmagadora maioria que nunca conseguiu me esmagar.
Engraçado isso: nesse ponto de meu texto eu travei, não conseguia prosseguir. Mas é importante ressaltar que estou escrevendo em minha cama, e que do lado dessa cama existe uma janela. Continuando, no momento em que a criatividade me deu um golpe, eu coloquei meus pés para fora da janela, de modo a ficar com o tronco deitado na cama e a cabeça virada para o céu.
Foi então que me deparei com uma nuvem imensa e branca (que pode representar o todo ao meu redor) movendo-se lentamente para longe de minha casa, e um passarinho voando (que pode me representar). Ambos estão no céu. A diferença é que o passarinho voa por vontade própria quantas vezes quiser mais rápido que a nuvem, na direção que quiser, pelo motivo que bem entender. Enquanto a nuvem só voa por vontade do vento, na velocidade do vento, pelo motivo que o vento bem entender.
O encontro dos dois, no entando, não é inválido. Afinal, o passarinho quando passa pela nuvem, deixa buraquinhos, e leva consigo floquinhos da mesma. E também, sem esse encontro magnífico, a garota com o pé para fora da janela não prosseguiria com suas linhas. Vê como tudo se encaixa numa perfeição descomunal?
Pensando nisso tudo, eu, com o pé já do lado de dentro do quarto, cheguei a conclusão de que ninguém é só uma pessoa. Todo somos PESSOAS, pois, se uma nuvem muda um passarinho, e um passarinho muda uma nuvem, todo mundo muda todo mundo quando se cruzam os caminhos. Ninguém é completamente igual depois de uma conversa.
Mesmo assim, não deixamos de ser apenas mais um. São muitas pessoas no mundo para sermos especiais para todos. Isso inclusive me remete a uma frase do nosso querido Oscar Wilde:"As tragédias alheias são sempre de uma banalidade desesperante". É exatamente isso. Há muito tempo deixamos de viver em comunidade para viver nesse agrupamento de pessoas chamado sociedade. Logo, não somos generosos, adoramos o nosso pior lado e vemos os outros com a indiferença do "mais um".
Vendo dessa forma, eu existo, e estou apenas arredondando a conta das bilhões de pessoas iguais as outras. Não tenho o menor sentido para qualquer ser que viva na China, na Turquia, na Russia, no Polo Norte ou em Botsuana.
Agora, pensando nos buraquinhos da nuvem, eu sou tão fundamental quanto aquele passarinho. Eu sou essencial na vida de um grande número de pessoas. Sem mim, quem iriam criticar? Sem mim, quem mudaria as opiniões? Sem mim, quem teria as minhas histórias para contar? E com mais uma de mim, quem seria a única eu? Sem mim, quem seria a louca sem vergonha que não tem escrúpulo nenhum quando o assunto é as necessidades da vida?
Sim, eu sou uma sem vergonha, e quando passei aquele dia na praia, o mundo inteirinho se encheu de graça e ficou mais lindo por causa do amor. Sim, eu sou uma sem vergonha necessária que pode ser comparada com uma flor num jardim: quando é apenas avistada, pode parecer igual a todas as outras, mas ela passa a ter valor a medida que se cuida dela, que se conversa com ela. Represento isso para meus pais, por exemplo, represento isso para minhas amigas, por exemplo, represento para minha vida, por exemplo. E na verdade, todos representamos isso para tais pessoas. Sim, sou uma sem vergonha, pois sei que tanto os buraquinhos na nuvem quanto os floquinhos no passarinho podem sumir se o vento bem quiser, e mesmo assim não desisto de sonhar. Sim, sou uma sem vergonha, apenas por saber da falta que faria para todos a minha volta, até aqueles que não conheço. Sim, sou uma sem vergonha, porque sei que me comentam. Sim, sou A sem vergonha.
by Luiza Chiesa (foxy lady)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A Narradora

_Dê-me a faca. Eu a enfio em meu coração e você fica com o sangue.
_Trato fechado.
A narradora dessa velha história não narrará os minutos que se sucederam. Depois ela guardou o sangue em uma caixinha velha de madeira e ficou esperando o líquido virar sólido. Ela se chama
Françoeire.A garota não sabia se estava triste. O garoto não sabia se estava morto. Os dois sentiam muito mais o vento que bagunçava/ balançava/ baforava os cabelos.A cena se passou em um bosque, no meio do nada, na presença do sol frio de inverno. Agora caem lágrimas dos olhos de Françoeire. Ela não gosta de lembrar. Na hora não tinha certeza se estava triste. Mas nesse instante ela escreve, e chora, e escreve que chora. E nesse instante ela sabe o que ele não sabia: ele está, e estava morto.
A narradora dessa velha história vai parar de escrever um pouco. É preciso força para cavar a terra da mente e desenterrar uma memória antiga.
Foi numa tarde de terça-feira. Estava quase anoitecendo. O encontro foi afetuoso. Estavam tentando aproveitar cada segundo. E os dois faziam isso muito bem.
Ele sempre disse que Françoeire tinha traços bem definidos. Ela sempre dizia que ele tinha uma voz definitiva. Dessa vez não precisaram dizer. Nunca precisaram , na verdade, e dessa vez não disseram.
Ele morreu sem agonia, nos braços de quem amava. Tudo era tão claro. Quer dizer, a vida nova viria depois de uma morte simples. O sangue seria para que a seiva da vida que se acabava não se acabasse também, apenas se solidificasse.
A narradora dessa velha história amava o primeiro ser dele, tinha medo que ele mudasse muito com aquela morte. Mas, se isso acontecesse, ela poderia mostrar a caixinha velha de madeira para o morto/vivo, e ele não perderia seu rumo nunca.
O que morria naquele momento, de qualquer forma, não era todo um ser, e sim a visão deste ser. Ele passava a ver tudo de uma nova forma.
Esse pensamento contentou Françoeire. Morria ali a inocência natural que as pessoas têm na primeira fase da vida, nos primeiros anos de existência, que ele chamou de infância.
A narradora dessa velha história o viu renascer pela primeira vez. Ela foi a única que viu e sentiu. Presenciaram essa cena também o bosque, o céu e o esquilo com a noz (sim, o esquilo com a noz, você também pode vê-lo, ele está quase escondido ali, no canto direito da imagem).
_Trato fechado.
Ele renasceu.
Depois, não foi como ela pensara. Tudo mudou, e não somente a visão das coisas. A percepção, a ação, a animação, tudo. A inocência agora não era nada além de seiva sólida numa caixinha velha de madeira. Não se podia reverter a morte. E a nova vida dele seguia. E o velho amor deles diminuia.
Em casos como este deveria ser possível remediar.
_Trato fechado.
Que tolice. E ela agora sofria, e não sua inocência, mas sua alma morria. E era tudo culpa dela. Sim. Ela. Françoeire. A narradora. Eu.
Nunca recuperei minha alma. Nem meu amor. E não recuperarei essas lágrimas sobre o papel. Coisas irremediáveis. Odeio todas elas. Pois é, esse não é mais um lindo conto de amor.
A narradora dessa velha história lamenta muito, muito mesmo.
by Luiza Chiesa (foxy lady)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Come what may

E com você
passarei a eternidade
viverei minha mocidade
Amar-te-ei
como o vinho que melhora com a idade

E com você
passarei a eternidade
Neste ponto,
não apenas neste ponto
converso com o papel
assim
como se nos olhos te mirasse
com versos no papel
rimo
como se teus olhos admirasse

E com você
passarei a eternidade
É por você - é pra você
essa poesia
É por você - é pra você
essa disritmia
que é o amor
O mantinha escondido
para não rimá-lo com dor
Mas te amo
Ah! Como te amo
E por você
esperarei a eternidade
Come what may

by Luiza Chiesa (foxy lady)

domingo, 26 de julho de 2009

Leia se quiser, apenas se quiser

Caro leitor, meu computador esta programado para escrever em ingles, e como sabemos, a lingua inglesa nao tem acento nenhum, por isso o texto que se segue nao esta acentuado. Para facilitar a compreensao, coloquei um "H" ao lado de algumas palavras simbolizando o acento agudo.

Leia se quiser, apenas se quiser
Estou com uma tremenda vontade de ler, por isso vou escrever. Nao sei ainda sobre o que quero falar nesse texto. Talvez devesse falar sobre algo que me aconteceu no dia de hoje. Boa ideia... mas nao boa o suficiente.
Voce jah teve tanta vontade de ler quanto eu nesse exato instante? Querer ler a ponto de escrever um texto? O problema eh que eu quero ler, e nao escrever. Nao leio porque infelizmente nao tenho nada para ler por perto, ou num raio de 40km provavelmente. Triste noticia, nao eh mesmo?
Agora me veio uma interrogacao. Chegou e ficou bem no meio da testa: por que gostamos de ler? Quero dizer, as pessoas nos ensinam a ler quando somos pequenas, e depois nunca mais paramos. Lemos livro atras de livro. Palavra atras de palavra. E por que?
Para ficarmos mais inteligentes, talvez.
So que a inteligencia eh algo muito relativo. Ha quem diga que inteligencia eh numero (quantos livros voce ja leu, quantas linguas voce fala, quantos anos voce tem, bla bla bla). Essas sao tambem as pessoas que pegam um livro pensando em inteligencia. Ha quem diga que inteligencia eh sabedoria (saber se sair bem nos problemas da vida, saber ser admirado, saber ser inteligente). Essas sao tambem as pessoas que pegam um livro pensando em inteligencia. Ha quem diga que inteligencia eh uma bobagem que inventamos para nos manipular (ou seja, para ter um padrao de pessoa ideal, converter todos os seres humanos para esse ideal, esquecer quem eh para pensar em quem sera de acordo com o que os outros pensam). Essas sao tambem as pessoas que pegam um livro porque tem vontade, e depois se perguntam: por que gostamos de ler?
Logo, cada pessoa tem um motivo para a leitura,e uma resposta para essa pergunta. Talvez as pessoas que se enquadram nos dois primeiros casos morram sem pensar nisso. O que podemos fazer, nao eh mesmo?
Eu digo: podemos ler.
A leitura realmente nos leva para um novo mundo e nos faz ter uma visao mais aprofundada do que estamos procurando em vida. A leitura eh unica, pois cada um tem um modo de ver o mundo, um modo de interpretar um livro, um modo de ler as palavras. Porque ninguem eh igual, talvez.
Soh que a palavra igual eh algo muito relativo. Ha pessoas que encaram a palavra igual como sinonimo de identicidade (pessoas que ja leram muito e aprenderam a encarar o mundo como algo logico). Essas sao tambem as pessoas que convivem em sociedade. Ha pessoas que encaram a palavra igual como algo que se alcanca tentando muito (pessoas que nao tem amor proprio e tentam insistentemente ser outro ser que ja existe). Essas sao tambem as pessoas que convivem em sociedade. Ha pessoas que encaram a palavra igual como algo irreal e inalcansavel (pessoas que gostam de ler sem saber o porque, que acreditam que todos sao unicos e perfeitos em si mesmo e que tem uma certa ideologia de vida). Essas sao tambem as pessoas que nao convivem tao bem em sociedade.
Logo, essas pessoas que nao convivem tao bem em sociedade sao elas mesmas, e acabam revolucionando o mundo. E depois disso, elas dizem: “Eh como ja dizia o poetinha…”.O que podemos fazer, nao eh mesmo?
Eu digo: podemos ler.
A leitura eh algo que nos fara saber como completar a frase que falaremos depois de chacoalhar o mundo. Eh algo que nos fara mudar o mundo. A leitura eh uma arte. Porque eh algo que nos liberta, talvez.
Soh que liberdade eh algo muito relativo. Ha pessoas que encaram a palavra liberdade como algo surreal (pessoas tristes, talvez ate mesmo sem saber). Essas sao tambem as pessoas que nao vivem a liberdade. Ha pessoas que encaram a liberdade (confrontam, maltratam, desdenham). Essas sao tambem as pessoas que nao vivem a liberdade. Ha pessoas que vivem a liberdade (carpe diem, paz e amor, all you need is love, viva la vida). Essas sao tambem pessoas.
Logo, a liberdade esta em nossas cabecas, e nao no mundo ao redor. Por isso a tranformamos no que queremos, talvez. O que podemos fazer, nao eh mesmo?
Eu digo: podemos ler.
Posso te pedir uma coisa? Bom, eu vou pedir mesmo se nao puder: por favor, querido, amado, e interrogado leitor, viva a liberdade! Desfrute do seu direito de fazer o que quiser. Ame a sua vontade de ir e vir. Seja livre e leia se quiser, apenas se quiser.

by Luiza Chiesa (foxy lady)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O dito do preserve

"Precisamos preservar a natureza... Temos que reverter o aquecimento global... Você deve reciclar o seu lixo...Não polua os rios... Não jogue óleo em água limpa...".As pessoas ouvem falar dos problemas da natureza e tratam da mesma forma de uma criança quando ouve a mãe chamá-la para tomar banho.As pessoas falam de como a natureza é importante e ao mesmo tempo cortam árvores para sua lareiras novas em suas casas com aquecedores.As pessoas acabam fazendo seus filhos pensarem que a natureza não tem importância, e, então, quando esses filhos crescem e tem outros filhos, percebem que junto com a natureza, o homem está morrendo. A frase que mais se ouve é: "Agora cabe às gerações futuras consertar o mundo".E as pessoas então se sentem aliviadas em jogar a responsabilidade em cima de crianças e adolescentes.
Agora a natureza está literalmente revidando, traçando uma vingança, e não são as gerações futuras sozinhas que vão reverter esse quadro. Ainda estamos vivos e devemos lutar, afinal todas as espécie sofrerão com o aquecimento global, mas só uma pode provocá-lo ou evitá-lo: A ESPÉCIE HUMANA!

by Luiza Chiesa (foxy lady)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A vestimenta


Caro leitor, meu computador esta programado para escrever em ingles, e como sabemos, a lingua inglesa nao tem acento nenhum, por isso o texto que se segue nao esta acentuado. Para facilitar a compreensao, coloquei um "H" ao lado de algumas palavras simbolizando o acento agudo.

A vestimenta
Realmente nao quero falar sobre mim. Muito menos sobre minhas ideologias. Vamos falar sobre roupas. O que voce esta vestindo? Tenho certeza de que veste uma roupa apropriada para a ocasiao. Tenho certeza de que veste uma pessoa apropriada para a ocasiao.
Se voce quer saber, eu estou com sono. Mas nao vou parar de escrever ate terminar esta minha conversa contigo. Talvez no final eu chegue a alguma conclusao, e te ajude a mudar um pouco. E essa possibilidade eh o suficiente para me manter aqui.
Bom, continuando com as perguntas. Quantas vezes voce ja esteve completamente nu perante todo e qualquer individuo? Sim, essa eh uma pergunta estranha, e nao eh preciso que voce a responda para mim, eh preciso que voce pense nisso para si mesmo.
E olha, nu eu digo querendo abranger todos os sentidos da palavra: sem roupa, sem protecao, sem segredos, sem intervencoes da sociedade, sem vergonhas, ou entao com as vergonhas a mostra, como preferir. Afinal de contas, por que manter nossas “ vergonhas” escondidas sendo que o que realmente deveriamos tapar envergonhadamente eh o nosso rosto?
Deveriamos mesmo enfiar nossa cara debaixo da terra, para nao sermos vistos. Eh a unica solucao quando o carater nos abandona. E olha que ele, infelizmente, costuma fazer muito isso. Poucos sao aqueles que continuam tendo sonhos, honestidade e vida nas vidas de hoje. Voce tem?
Muitas indagacoes estao sendo feitas, nao eh mesmo? Me desculpe, prometo que a partir de agora te darei mais linhas para pensar antes de lancar a proxima pergunta.
Eh realmente engracado o fato de sempre apagarmos a nos mesmos. Usamos roupas para esconder nosso corpo. Usamos cera quente para esconder nossos pelos. Usamos maquiagem para esconder nosso rosto. Usamos a etiqueta para esconder nossa alma. Usamos a sociedade para esconder nosso ser. Usamos a morte para esconder nossa vida. Usamos nos mesmos para esconder nossa existencia.
Tudo isso parece servir muito bem quando nos olhamos no espelho. Tudo isso eh a garantia do futuro brilhante nas normas da sociedade. Vestir-se bem eh sentir-se bem, porque voce eh o que voce veste. Voce eh o que voce come. Voce eh o que voce faz. Voce nunca eh o que voce eh. Sera? Temos que lembrar que so vemos o que queremos ver. A imagem refletida no espelho eh a parte que queremos ver de nos mesmos. E quando nao queremos ver, descobrimos maravilhas capazes de nos transformar naquilo que sonhamos. Com o tempo nos acostumamos a isso, esquecemos quem somos. Com o tempo viramos isso, nom somos mais quem somos. Com o tempo, toda a nossa personalidade passa a ser questao de vestimenta e ocasiao.
Se um local pede uma pessoa sofisticada, em poucos minutos o somos. Se uma entrevista pede uma pessoa culta, em poucos livros o somos. Se uma festa pede uma pesssoa notavel, em poucos olhares o somos. Se a sociedade pede uma pessoa vivida, em poucas viagens o somos. Se a vida pede uma PESSOA, em poucos lugares o somos.
E eh claro que com os enconderijos do ser tao bem armados, acabamos nos escondendo de nos mesmos, assim, sem querer. Somos tanta coisa que acabamos nao sendo nada. Um nada repleto de vazios.
E para esconder isso, adivinha o que temos? Mais vestimentas! O problema eh que elas nao me interessam.
Mas deixa isso para la. Porque realmente nao quero falar sobre mim. Nem sobre minhas ideologias. Vamos falar sobre seres. Quem voce esta vestindo? Ou melhor: quem voce eh?

by Luiza Chiesa (foxy lady)

domingo, 28 de junho de 2009

Assim caminha a humanidade.

Eu realmente fico passada em ver como o ser humano decai a cada ano que passa. Depois de um final de semestre corrido, por fim, mereço minhas férias né? Vim passar alguns dias com a minha melhor amiga, mesmo gostando de onde estou morando e estudando agora eu sinto uma enorme falta dos meus amigos, que por sinal eu não tenho mais contato nenhum, de Lorena. Enfim, voltando ao assunto, fomos a uma festa na cidade vizinha, fiquei definitivamente horrorizada.
Eu convivo bem com pessoas diferentes de mim, sou paciente e sei procurar o melhor em cada pessoa evitando enxergar apenas o lado ruim de cada uma delas, mas me digam, o que fazer quando se está no meio de um grupo de meninas onde, de 10 palavras 20 são relacionadas à homens gostosos? Não consigo engolir, muito menos entender o motivo por alguém ser tão apegado a isso. Sim, ISSO, porque sinceramente, na minha opinião (só minha, de mais ninguém, que eu comprei com os MEUS dólares) a vida é muito mais do que só isso.
Não, não me assustei com a situação, apenas tive pena, pena de pensar que esse é o futuro do mundo e que pessoas que pensam como eu são partes da minoria. Já dizia o Danilo: Liberdade confundida com pornografia.

sábado, 27 de junho de 2009

Falando por falar

Estou voltando andando da escola. Um garoto da sala de aula falou abobrinhas dos meus seios hoje.Não gosto do meu corpo, mas odeio que desdenhem dele.
Minha mãe fala que eu sou bonita, linda e meu pai também. Meu pai fala por falar, ele nunca reparou muito. Ele é homem!
As pessoas (que não só os homens) têm disso, falam por falar. Falam por falar que a natureza é bonita, linda, sem nem reparar muito. São todas iguais, e no final, todas homens.
Mas eu reparo, quer dizer. Reparei. Nessa volta da escola mesmo... estava eu pensativa, quando um morro, mesmo morro que já passei tantas outras vezes, ganhou beleza e forma indescritível, e eu? Tive que parar para olhar!
E as pessoas ficaram me olhando olhar para o morro, que por sua vez olhava para mim com o canto do olho para ter certeza que eu o olhava e então, magicamente se exibir. Ele começou então a dançar com o vento e eu me pus a andar.
Foi naquele momento (que se passou há minutos atrás) que eu quis fazer todo o caminho de novo para ver os outros morros dançantes que eu passei sem deixá-los se exibir. Sabe, é que eu moro em uma cidade do interior de São Paulo cercada por morros...uma barreira e tanto!
Uma vez um garoto do Canadá veio fazer intercâmbio justo aqui. Quando ele viu um cavalo andando no meio da rua ele se desesperou e gritou: "A horse! A horse!” inúmeras vezes.
Aqui onde eu moro é tudo assim, estilo cavalo no asfalto e texto sem meio e fim. Cidade pacata no meio de vidas movimentadas.
Pergunto eu se você entende como é isso. Você é claro dirá que sim. Mas um caso perdido: você também fala por falar.

by Luiza Chiesa (foxy lady)

domingo, 21 de junho de 2009

Bem vindos a civilização.

Muitos não gostam do que escrevo. Dizem que o que eu faço não é ciência; é literatura. É verdade. Mas o que me aborrece é que essas pessoas que não gostam, pensam que somente a ciência tem dignidade acadêmica. Mas o que diriam se eu utilizasse da minha literatura para explicar algo que a ciência deles não concretiza?

E mais um dia amanhece dentro de nossas prisões cercadas de grades de aço que chamamos afetuosamente de casa. Não conhecemos os vizinhos da esquerda e muito menos os da direita, por que não nos convém conhecê-los.

E nós evoluímos?

Injetamos em nossa atmosfera todos os dias, gases poluentes prejudiciais a nossa saúde e ao planeta em que vivemos e por conta disso, calotas polares derretem. Modificamos códigos genéticos em nome da ciência.

E nós evoluímos?

Invadimos território alheio, matamos, torturamos, escravizamos, violentamos, desmatamos e por fim nos instalamos. Somos engrandecidos como desbravadores.

Fabricamos artefatos caríssimos que mata, mutila, e que destrói nosso próprio habitat. Afinal, somos valentes, não é mesmo?

E nós evoluímos?

Através da propaganda recebemos ataques que pregam valores egoístas.

Trabalhamos duro e abdicamos de algumas coisas para, finalmente, comprarmos nosso carro dos sonhos; aí vem o médico e diz que temos que andar a pé para o melhor funcionamento do nosso corpo, e em seguida o chefe, somos demitidos por chegarmos atrasados, conseqüência do transito.

Uma mentira secular de trabalhar para viver, e uma rotina angustiante de viver para trabalhar.

E nós evoluímos?

Somos os únicos seres a praticar relações sexuais com nossos órgãos sexuais protegidos para não contrairmos doenças. Doenças que com a evolução são dadas curas, e com as curas mais perigos são criados. (Precisa ser arrumado)

E nós evoluímos?

Injetamos todos os dias bilhões de litros de produtos químicos e dejetos nos nossos rios contaminando-os, estragando assim a nossa maior fonte de vida. Matando seres vivos indefesos.

O sangue e o suor os povos do mundo inteiro são oferendas colocadas no altar do Deus dinheiro.

E nós evoluímos?

Fabricamos uma ave de aço que seria usada pra encurtar distancias e aproximar os povos, mas, como somos evoluídos, passamos a usá-la pra matar nossos semelhantes.

E nós evoluímos? Ou infelizmente retrocedemos?

Acreditando ou não, é incorreto dizer que respostas movem o mundo, quando na verdade são os questionamentos e reflexões responsáveis por esse acontecimento.

A vida é parte de um mistério e ela simplesmente não para, nem mesmo para sermos mais humanos, nem mesmo para procurarmos a cura do mal, que em base de loucura é dada como algo normal. O mundo gira cada vez mais veloz, a gente espera dele e ele espera de nós somente um pouco mais de paciência.

Será que é tempo que falta para percebermos? Será que temos esse tempo pra perceber?

A vida é tão rara.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Mas agora...

Folheando uma revista, um jovem se depara com uma parte que fala sobre a política no Brasil, mas ele não tem vontade de ler, mesmo nunca tendo ouvido falar sobre o assunto que a manchete revela, ele já sabe o que está escrito: um começo inspirador, que desencadeará uma revelação sobre a vida de corrupções de algum político e um fim de protesto, para motivar outras pessoas ao protesto.Na década de 90, 3,57% dos votos pertencia aos jovens de dezesseis, dezessete anos. Agora houve uma queda de 1,55% desse número. Aquele jovem folheando a revista é apenas um reflexo perante a grande tragédia nacional, na verdade, e a surpresa agora é apenas cotidiano.A história é algo engraçado e se torna pejorativo quando chega aos dias de hoje. Analise de forma bem simple e mal-passada: quando não se tinha liberdade de expressão, as pessoas procuravam se expressar,e lutaram por esse direito, mas, agora que podemos nos expressar, nem ao menos votamos em quem achamos certo governar o nosso país. O nosso direito não deixa de ser um dever, se o que queremos é realmente uma vida melhor. Se as pessoas não votam, ouo votam em branco, é porque não acreditam que possa melhorar.O problema é que as pessoas não acreditam em algo melhor não porque seja impossível, e sim porque perderam a esperança. E aí fica a pergunta: em que parte do caminho a esperança se sumiu?Essa é uma pergunta que até eu tenho que pensar e tentar com todas as minhas forças reponder.
Desculpe-me por minha falta de educação. Meu nome? Luiza, tenho treze anos, e sofri muito com o mal de abstinência de esperança, muito comum de se encontrar. O mais difícil mesmo é achar a cura, que pode estar perdida em algum texto no sul da África, ou em uma pintura, invenção de Leonardo da Vinci.O importante não é onde, e sim encontrar o mais rápido possível para conseguir viver, pois, se a esperança é a última que morre, e você não a tem...Pensando em fatos, a mesma Brasília corrupta que nos surpreende com a corrupção de sempre, julga as pessoas que fazem o mesmo em classes menos favorecidas que não estão "tomando conta de nosso país", mas devido a uma legislatura fraca, e mais corrupção, ambos (políticos e "não-políticos"), normalmente não são presos, e nem sofrem alterações em suas vidas. Fazendo com que a teoria não vire prática. O que é muito errado, devo informar, até porque o governo não gosta de concorrência.É realmente muito difícil ter esperança vendo a impunidade aparecer na televisão na hora do jantar. Porém, se formos pensar, tudo que acontece hoje já acontecia, só que a mesma história, ao ser contada de forma diferente, se torna uma nova história. A única coisa que mudou drasticamente foi o povo, que agora desceu as escadas do palco e espera na plateia o término do espetáculo sem fim.Chego então a conclusão de que o Brasil já teve povo, já teve alma, mente e garra, mas agora...

by Luiza Chiesa (foxy lady)

Hoje

Hoje eu acordei sem me lembrar que dia era. Passei alguns segundos deitada na cama pensando no que tinha para fazer. De repente lágrimas rolaram de meus olhos. não que eu saiba o porquê, elas simplesmente aconteceram.
Finalmente lembrei que deveria fazer este texto, e, sem muita inspiração, comecei a narrar meu breve dia. O motivo deste início eu também não conheço, mas talvez ele faça sentido em alguma parte do texto.
Quando lembrei que deveria escrever, tive a certeza de que seria uma viagem para dentro de mim mesma, e já que estou aqui, vou realmente aproveitar essas linhas para me virar do avesso. Vamos começar perguntando o que transformou Luiza Borba Chiesa em nada menos do que eu mesma.
Hummmm... tanta coisa! Cores, ritmos, estilos, cheiros, conselhos, conversas, momentos, pensamentos, reflexões, amigos, filmes, bagunça, arrumação, broncas, prantos, risos, gargalhadas, flores, sol, e arco-íris. Tudo isso sem dúvida resultou nesse fragmento da humanidade que sou. Mas também tiveram os "momentos clarões".
Aqueles momentos em que algo te dá um tapa na cara, te acordando para a vida. Você sem reação enquanto a coisa acontece, imerso em pensamentos. Então você se lembra da vida e tenta tomar uma atitude sensata.
Me recordo de vários aprendizados que obtive em casos parecidos. Só que na maior parte das vezes essa é a única coisa de que consigo me lembrar. As lições que vêm destes tapas na cara andam comigo sempre e estarão comigo por toda a minha vida, mas os tapas na cara são inconscientemente apagados sem que a minha vontade assim permita.
Claro que não é sempre assim. Quando a aprendizagem é a vida de uma pessoa, me lembro da pessoa. Quando é de um livro, posso dizer com clareza qual é. O defeitinho só se manifesta nos momentos.
De certo modo estou sempre aprendendo, tiro uma lição de tudo. Sinto que agora as minhas lições giram em torno da Terra - como a lua- estou acordando para o mundo.
Faço viagens para dentro de mim mesma sempre que preciso ( e eu preciso muito). Nada mais justo do que falar delas num texto. Neste texto.
Minhas últimas descobertas foram que eu gosto de mim mesma, admiro minhas qualidade. Gosto do jeito com que lido com as pessoas quando preciso... lidar com elas! Não esqueço meus defeitos porque enxergo muitos. Penso que isso é igual a um arquiteto que constrói um prédio lindo. Todos que passam pelo prédio dizem: "Oh, que prédio lindo!". Mas o arquiteto quando o vê se dapara com todos os defeitos e vê o prédio horrível. Não é nada demais, só que como ele conhece os defeitos muito bem, ele imagina tudo muito pior do que realmente está. Ele tenta imaginar o que os outros estão vendo, e vê uma imagem retorcida. Como um espelho molhado.
Gosto de me sentir útil, por isso eu sempre quero estar fazendo coisas, o que explica o fato de eu me sobrecarregar. Tem também o fato das pessoas contarem comigo, por exemplo em qualquer coisa que eu faça em grupo, as pessoas ficam sempre pedindo ordens, perguntando o que fazer.
Poderia escrever um livro inteiro sobre o que ainda tenho para falar, mas odeio cansar os leitores com bobagens. Isso me cansa também, e como o dia mal começou, não posso me cansar.
Vou parar de escrever. Lembrei que dia é hoje.

by Luiza Chiesa (foxy lady)

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Provavelmente

Somos irracionais? Se somos, como raciocinamos e chegamos a essa conclusão? Então, não somos? Provavelmente.
Provavelmente não fomos nós que pensamos e chegamos a essa conclusão. Provavelmente o mundo pensa mais rápido que nós, pois também gira mais rápido que nós, e também mente mais rápido que nós. Mas, como vou saber? Raciocinando? Não, é muito difícil.
Acordo todos os dias no mundo do tudo-que-quiser-aqui-e-agora. Para que pensar com tudo isso? Por que deveria ler? Para responder minhas perguntas, talvez. Será?
Tenho tudo o que quero aqui e agora, e, no entanto, vivo na incerteza de querer tudo o que tenho. A vida passou, já não sei quem sou. Vivo tudo representado na propaganda da tv, só me falta o sorriso e o saber.
Sabe que li um livro outro dia e descobri que as informações no site da internet estavam erradas. Dados errados. Não saberia se não tivesse lido. O que mais não sei? Só lendo para saber. Provavelmente o mundo inteiro. Percebi que o mundo é um grande livro. Em pensar que só conhecia a capa.
Leitor, você tem agora a chance de não cometer o erro que cometi. Não se tornar um estúpido ignorante. Leia! Veja as informações erradas nos sites e monte uma opinião. Seja! Uma pessoa vale mais que uma televisão e um livro, mais do que mil imagens.
Não digo para esquecer do mundo e se afundar nos livros. Digo apenas para ter capacidade de ler as entrelinhas da vida.
Um livro, e não uma capa. No mundo que vivemos tudo acontece muito e muito rápido. Rápido para mim, que não o entendo. Ser um leitor do mundo, um leitor de livros, é não pensar na rapidez, e sim em como isso não aconteceu antes.
Não espere acontecer contigo a maldição que aceitei para mim para descobrir a maravilha em um conto de Machado de Assis. Não, não faça isso. Não sou um bom exemplo, mas um exemplo sim. E você tem a chance.
Penso, logo existo. Quer dizer que não existi? Provavelmente. Provavelmente o quê? Não sei. Não raciocino. Não posso. Não pode. Não deixe de entender o porquê das coisas. Há mais mistérios entre o céu e a terra do que imaginou a minha vâ filosofia. Descubra todos eles, por mim! Por você!
Não pode? Por que não? Somos irracionais?
by Luiza Chiesa (foxy lady)

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Sobre Tragedias e Desgraças

É muito fácil acreditar em Deus quando você dorme numa cama, anda de carro com ar-condicionado que seus pais te deram e mora num prédio com lavanderia cujo condomínio é maior que o salário de uma família inteira. É muito fácil rezar e agradecer a Deus por tudo que você tem quando você tem tudo que quer. Agora, tente explicar o que é Deus pra alguém que não tem o que comer. Pra quem perdeu casa, dignidade e família na enchente. Tente explicar como Deus é bom pro menino que nasceu na favela e viu a mãe morrer com um tiro na cabeça. Será que Deus gosta mais de mim do que das pessoas cujas casas foram levadas pela força das águas? Será que Deus gosta menos daquele pai com a criança na porta do self-service segurando uma vasilha sem comida e esperando sua vez de comer? Será que Deus gosta mais dos filhos da Angelina Jolie do que dos filhos da mulher que dorme embaixo da marquise de um prédio?

Depois ainda me perguntam porquê eu tenho minhas duvidas sobre religião..