Estou voltando andando da escola. Um garoto da sala de aula falou abobrinhas dos meus seios hoje.Não gosto do meu corpo, mas odeio que desdenhem dele.
Minha mãe fala que eu sou bonita, linda e meu pai também. Meu pai fala por falar, ele nunca reparou muito. Ele é homem!
As pessoas (que não só os homens) têm disso, falam por falar. Falam por falar que a natureza é bonita, linda, sem nem reparar muito. São todas iguais, e no final, todas homens.
Mas eu reparo, quer dizer. Reparei. Nessa volta da escola mesmo... estava eu pensativa, quando um morro, mesmo morro que já passei tantas outras vezes, ganhou beleza e forma indescritível, e eu? Tive que parar para olhar!
E as pessoas ficaram me olhando olhar para o morro, que por sua vez olhava para mim com o canto do olho para ter certeza que eu o olhava e então, magicamente se exibir. Ele começou então a dançar com o vento e eu me pus a andar.
Foi naquele momento (que se passou há minutos atrás) que eu quis fazer todo o caminho de novo para ver os outros morros dançantes que eu passei sem deixá-los se exibir. Sabe, é que eu moro em uma cidade do interior de São Paulo cercada por morros...uma barreira e tanto!
Uma vez um garoto do Canadá veio fazer intercâmbio justo aqui. Quando ele viu um cavalo andando no meio da rua ele se desesperou e gritou: "A horse! A horse!” inúmeras vezes.
Aqui onde eu moro é tudo assim, estilo cavalo no asfalto e texto sem meio e fim. Cidade pacata no meio de vidas movimentadas.
Pergunto eu se você entende como é isso. Você é claro dirá que sim. Mas um caso perdido: você também fala por falar.
by Luiza Chiesa (foxy lady)