sábado, 21 de novembro de 2009

20 de novembro

Não sei se falar do pior lado de uma raça tão digna e importante para o nosso presente seja a melhor forma de mostrar minha afeição. Não consegui, no entanto, escrever um texto à altura... quem sabe mais tarde, não é mesmo? Sei também que hoje não é mais o dia da consciência negra, mas fui proibida de navegar na internet por uma semana (e o castigo tinha fim ontem).
Anyway, o que se segue são textos escolares que eu fiz ao longo deste ano. Não, não vou deixar um dia tão especial passar em branco - isso deu um trocadilho, não deu? -, então vamos lá:

O atraso é branco
Flores escuras submissas em um jardim parceladamente cinza. Pérolas que se escondem em suas ostras, pensando não ter valor. Lirismo a parte, essa cena se repete sem nenhuma poesia nos mais diversos locais em pleno século XXI por toda a idolatrada Brasil, que tem seus bosques com mais flores, mas que esquece a importância das raízes negras.
Há 12o anos, os negros conquistaram a privilegiada oportunidade de viver a miséria das ruas brasileiras. Desde então vêm tentando viver sem serem julgados, menosprezados. Vêm tentando encontrar um pedacinho de terra para tocarem a vida. Vêm tentando ser o que são.
No caminho da jornada árdua, suando sangue e comendo vida, o negro encontra apoio, ganha causas, vira cotas em universidades, e então consegue mais preconceito. Pessoas sem cultura que pensam que quanto mais melanina você tem, menos digno você é.
Na prática, o IDH no Brasil de negros e brancos, se for comparado, mostra um desfalque de cinquenta posições para os pele-escuras. Na prática, enquanto brancos estudavam, negros labutavam. Na prática, é possível medir dignidade pelo Índice de Desenvolvimento Humano? Não, apenas desenvolvimento humano.Pare de pensar no quanto "desenvolvido" é o homem que se julga melhor que alguém que se foca em receber o que lhe é devido, pelo menos o justo.
Os negros tem de lutar por espaço na sociedade só porque a mesma é governada por brancos. O atraso não é deles. O atraso é do último país na América Latina que aboliu a escravidão. O atraso é de quem leva cor, e não cérebro, na cabeça. O atraso é de quem não abriu as ostras ou cavou a terra e viu somente uma imensidão negra. O atraso é de quem fez da oportunidade da liberdade uma triste ilusão. O atraso é branco.

by Luiza Chiesa (foxy lady)
[continua...]