Vendo as atividades desenvolvidas pelo meu irmão de seis anos, Gabriel, acabei por encontrar - ou confirmar - a resposta para uma questão das mais intrigantes: o valor das coisas.
Aconteceu bem ali, no sofá antigo de minha casa. Estávamos eu e minha mãe analisando cada uma das tarefas escolares de Gabriel. E foi quando passamos mais rápido do que o devido pelas misturas das cores primárias que ele disse: "Mãe, você não vê a importância?". Nossos olhares se voltaram para sua carinha angelical, que prosseguiu:"A cor amarela junta com a vermelha, e forma a laranja!". Essa era a grande importância.
Costumamos pensar que temos os piores problemas. Gostamos de acreditar que nós é que sabemos diferir as preciosidades. Nos confundimos tanto ao crer que o que nós damos importância deveria importar para todos. Sendo que na verdade das verdades, a cor amarela, junta com a vermelha, forma o laranja.
O que tem sentido para você pode não ter coerência alguma para outra pessoa, e nem por isso alguma das opiniões esteja errada, até porque as duas estão completamente certas. Não é a coisa que tem um valor próprio, é você que coloca sentimento nela e faz com que ela tenha sentido para seu ser. E isso acontece com pessoas, objetos, animais, plantas, fotografias, uma calça rasgada e tudo que nos rodeia.
Pense na sua vida como se ela estivesse em uma bola azul gigantesca com um núcleo muito quente e derretido que translada a 107.460 km/h, tem rotação de 1674 km/h e que flutua no meio de um nada infinito. Agora analise o último enigma que você se deparou antes de começar a ler meu texto. Viu como aquilo não era apenas uma página com cores primárias e secundárias? Reparou que em alguma tarde deste ano um menino com seis primaveras de história se sentou em uma cadeira, misturou duas cores e magicamente criou um aterceira, bem como a professora disse que seria, e ali se explicaram todos os problemas da existência dele naquele momento? E o seu último enigma? Te causou a mesma sensação de dúvida que se apossava de meu irmão antes de aparecer o laranja no papel?
Não prevemos o futuro, por isso temos dúvidas que podem ser de mesmo tamanho e ter focos diferentes. Tenho certeza que você já sentiu o mesmo frio na barriga que Napoleão antes de uma batalha. A sensação é a mesma, o que mudou foi o motivo. E dá pra dizer que um motivo é menor do que o outro? Claro que não! Porque você viu o seu fato com a mesma proporção que os filósofos veem a pergunta "Quem somos e de onde viemos?", ou com a mesma dimensão que um recém nascido dá para a descoberta de que pode emitir sons.
E assim, cada um com sua dúvida, cada qual com seus problemas, humores e exclamações, cada ser com suas resoluções e soluções, nós vamos, aos poucos, montando e reformando nossa sociedade - que eu queria chamar de comunidade, mas ai já é outro assunto, uma nova crônica.
E assim montados e reformados, podemos continuar girando, transladando, enfim, indo e voltando para o mesmo lugar todos os dias e todos os anos bem aqui, no meio de um nada infinito que adoramos chamar de universo.
by Luiza Chiesa (foxy lady)