quinta-feira, 4 de março de 2010

Sem rumo


Queridos internautas, encontrei este texto no fundo de um bau (literalmente). Ele foi escrito em 16 de fevereiro de 2009 a pedido de minha antiga professora de português, deveríamos falar sobre nossas pretensões. O mais lindo é esse meu reecontro com meus pensamentos, é ver o quanto eu sempre fui e ainda sou eu mesma. Lá vai:

Sem rumo
O que pretendo? Começo essas linhas não pretendendo fazer um bom texto. Posso pretender fazer um final inspirador, que te motive a mudar algo em sua vida a partir da minha. Mas não ousarei tanto, apenas por não entender como um pequeno facho de luz pode querer ousar.
Facho de luz, migalha de pão, grão de areia, denomine-me do jeito que julgar mais adequado. Apenas peço para que não se iluda, caro leitor, porque palavras bonitas nem sempre retratam beleza, e esses poéticos apelidos colocados sobre minha pessoa provém inconscientemente do nome "nada". Exatamente. Não valho nem sequer um mísero centavo para a sociedade. Perguntar para o mundo quanto ele pagaria por mim é igual a perguntar o mesmo de uma ameba.
Já que não sou nada, nunca serei nada, e nem posso querer ser nada, começo, então, a ter em mim - assim como Pessoa - todos os sonhos do mundo. Sim, pois é muito mais fácil sonhar e pretender na pele de uma ameba. Sejamos todos amebas! Viveremos com suficiente ignorância para encontrar perfeição em tudo, e no amor não encontraremos dor, e sim, versos singelos.
Inspiradora. Não mais palavras tenho para tal situação. Agora passarei a andar aos joelhos da burrice: para ver tudo e todos maiores do que realmente são. É, essa é uma grande pretensão. Daquelas que só se encontram na mente dos pretenciosos.
Sei que te aborreci com os meus pensamentos, e por eles peço desculpas. Voltaremos ao que pretendo.
Não pretendo nada que dure muito mais tempo pretendendo. Buscarei então em meu cérebro algumas pretensões mais duradouras. Só não sei se pretensão é a palavra certa para mim. Não pretendo nada. Eu preciso, almejo, batalho, construo, sofro, e, por fim, sorrio.
Logo, eu preciso comunicar mais, aproveitar mais, ser mais, dedilhar mais cada minuto de minha vida e melhorar mais. Eu almejo uma vida inteira pela frente, a ilusão do amor, poesia, filhos, uma carreira que não caia na rotina, cinco prateleiras de livros, vários instrumentos, sol, alegria, sonhar com a infância infinita, perceber que ficar mais velho não era a solução para os meus problemas, e uma casa no campo. O resto vem depois, como consequência. Afinal, a vida é mesmo uma consequência maluca onde uma coisa leva à outra e (há que diga), nada é por acaso.
Parei de escrever e olhei para meu quarto. Me emocionei. Vejo aqui tanto de mim, dos meus gostos, meus costumes, meus momentos, meu aconchego, minhas lágrimas, minha infância, minhas roupas, minha escola, meu estilo, minhas sementes, meus frutos, minha cultura, EU! Pretendo jamais sair daqui, mesmo sabendo que amanhã, quando acordar, essa será a primeira coisa que farei.
Engraçado isso. Pretender sem a intenção de cumprir. É a vida, é bonita e é bonita. Gonzaguinha escreveu essa música, mas isso não impede que eu repita: é bonita, é bonita e é bonita.
Como você já deve ter percebido, não sei muito bem falar de pretensões, muito menos das minhas. Me enrosco, mudo de assunto, fujo de tudo! A melhor maneira de compensar isso, então, foi fazer o que já fiz: mostrar minhas verdades e colocar minha cara a tapa. A falta de rumo para as pretensões me deu o título, mas creio que não me dará um final. Mesmo assim preciso acabar logo com isso, o texto já está ficando maçante e você quer prosseguir sua vida.
Acabo agora esse texto, sem um bom começo, ou meio, ou fim. Um texto digno da ameba que quero ser.

Até breve
e boa vida.


by Luiza Borba (foxy lady)