quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Ladainha


De que serve ser humano, construir a bomba atômica e saber plantar tomates se nada basta? Algumas constatações são mesmo engraçadas: nada satisfaz a humanidade. Numa ceia linda de Natal todos os queridos se reúnem numa noite feliz para procurar fora de casa o conforto da companhia. Ligam para todos os ausentes num descontentamento interessante de tudo o que o cerca. Numa tentativa curiosa de alcançar lá longe o sorriso que o espera ao lado para um abraço. Numa alienação intrigante à verdade de que não, não se dá beijos por telefone. A gente sempre quer o que não têm, porque não se almeja o que está em mãos. Na verdade saboreamos mais a conquista do que o objeto. Gostamos mesmo é de poder fazer a ligação. Sorrimos mais por amar do que pelo amado, como já dizia Nietzshe. Vibramos mais por ter chegado à lua do que por sentir toda aquela roupa espacial e ver aquela imensidão escura. É por isso que costumamos não comemorar a rotina.
Mas eu comemoro. Quer dizer, comemorarei.

Luiza Borba