domingo, 18 de outubro de 2009

Bem Simples

Peço mil desculpas por estar colocando meu poema desta forma no blog, mas foi a única maneira que eu encontrei de exibi-lo usando o blogspot.

Bem simples






quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Escadas

Desço as escadas
A vida ruma
Tenho uma poesia, só uma
Só uma linha
de pensamento
Que me separa como um muro
Da sociedade de mentes
em confinamento

De você estou separada por um papel
Um avião me separa do céu
A loucura me separa do chão
O que me separa da fome é o pão

Mas o que me separa do ridículo?
O que me separa de mim?
Nada. O traço do ridículo não tem fim.
Sou ridícula para o mundo
As rimas são um ridículo profundo
Não somos um ridículo para você,
Afinal ainda está aqui
Como bem se vê

Subo as escadas
A vida ruma
Sou uma pessoa, só uma
Só uma pessoa em tormento
Que vê em tudo um furo
O furo do vazio que me falta por dentro

by Luiza Chiesa (foxy lady)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ex-clamação

Por enquanto em meu papel só tenho um título. Daqui a pouco pretendo ter uma dissertação inteira. Você já parou para pensar que, enquanto lê minhas linhas, a torneira de sua casa pode estar acabando com a água de nosso planeta? É, caro leitor, de gota em gota a gente seca um rio.
Na Terra existem bilhões de pessoas. Dentre elas, 25 mil crianças numa faixa-etária de zero a seis anos morrem - literalmente - de sede todos os dias. Analise que o seu banho mais demorado pode fazer a água não ir para a boca de um desses anjinhos, e sim para um esgoto fétido. Mexendo em dados, em uma galáxia inteira somos o único planeta com vida. Vamos mesmo acabar com ela? Vamos mesmo extinguir várias espécies de animais só porque queremos uma lareira na sala-de-estar? Só porque ficamos com preguiça de apagar a luz?
Já está comprovado que uma vida sustentável pesa menos até para o bolso. Porque então o nosso comodismo? Vamos nos informar! Desligar a tv! Controlar o tempo no banho! Comprar madeira certificada! Reciclar, reutilizar, reinventar! Extrair da natureza o necessário, somente o necessário.
Clamo agora porque ainda temos tempo. Grito para que me ouçam. Para que isso não vire uma ex-clamação e morra na praia, ou só tenha voz quando já não houver tempo. Não deixe isso acontecer. Não somos heróis nem fazemos o impossível, mas, citando Ferreira Gullar:"Somos muitos homens comuns, e podemos, juntos, formar uma muralha com nossos corpos de sonhos e margaridas".
Por enquanto em meu papel só tenho ideias e pensamentos. Daqui a pouco pretendo ver atitudes.

by Luiza Chiesa (foxy lady)

DETALHE INTERESSANTE: com esse texto eu ganhei um concurso, e apareci num jornal de minha cidade como reconhecimento
=DD

sábado, 3 de outubro de 2009

Você não vê a importância?

Vendo as atividades desenvolvidas pelo meu irmão de seis anos, Gabriel, acabei por encontrar - ou confirmar - a resposta para uma questão das mais intrigantes: o valor das coisas.
Aconteceu bem ali, no sofá antigo de minha casa. Estávamos eu e minha mãe analisando cada uma das tarefas escolares de Gabriel. E foi quando passamos mais rápido do que o devido pelas misturas das cores primárias que ele disse: "Mãe, você não vê a importância?". Nossos olhares se voltaram para sua carinha angelical, que prosseguiu:"A cor amarela junta com a vermelha, e forma a laranja!". Essa era a grande importância.
Costumamos pensar que temos os piores problemas. Gostamos de acreditar que nós é que sabemos diferir as preciosidades. Nos confundimos tanto ao crer que o que nós damos importância deveria importar para todos. Sendo que na verdade das verdades, a cor amarela, junta com a vermelha, forma o laranja.
O que tem sentido para você pode não ter coerência alguma para outra pessoa, e nem por isso alguma das opiniões esteja errada, até porque as duas estão completamente certas. Não é a coisa que tem um valor próprio, é você que coloca sentimento nela e faz com que ela tenha sentido para seu ser. E isso acontece com pessoas, objetos, animais, plantas, fotografias, uma calça rasgada e tudo que nos rodeia.
Pense na sua vida como se ela estivesse em uma bola azul gigantesca com um núcleo muito quente e derretido que translada a 107.460 km/h, tem rotação de 1674 km/h e que flutua no meio de um nada infinito. Agora analise o último enigma que você se deparou antes de começar a ler meu texto. Viu como aquilo não era apenas uma página com cores primárias e secundárias? Reparou que em alguma tarde deste ano um menino com seis primaveras de história se sentou em uma cadeira, misturou duas cores e magicamente criou um aterceira, bem como a professora disse que seria, e ali se explicaram todos os problemas da existência dele naquele momento? E o seu último enigma? Te causou a mesma sensação de dúvida que se apossava de meu irmão antes de aparecer o laranja no papel?
Não prevemos o futuro, por isso temos dúvidas que podem ser de mesmo tamanho e ter focos diferentes. Tenho certeza que você já sentiu o mesmo frio na barriga que Napoleão antes de uma batalha. A sensação é a mesma, o que mudou foi o motivo. E dá pra dizer que um motivo é menor do que o outro? Claro que não! Porque você viu o seu fato com a mesma proporção que os filósofos veem a pergunta "Quem somos e de onde viemos?", ou com a mesma dimensão que um recém nascido dá para a descoberta de que pode emitir sons.
E assim, cada um com sua dúvida, cada qual com seus problemas, humores e exclamações, cada ser com suas resoluções e soluções, nós vamos, aos poucos, montando e reformando nossa sociedade - que eu queria chamar de comunidade, mas ai já é outro assunto, uma nova crônica.
E assim montados e reformados, podemos continuar girando, transladando, enfim, indo e voltando para o mesmo lugar todos os dias e todos os anos bem aqui, no meio de um nada infinito que adoramos chamar de universo.

by Luiza Chiesa (foxy lady)

O cabresto

"_Se você não quer se matar e nem massacrar todos ao seu redor _ Diz o comerciante.
_Não quero _ Diz o burro.
_Se você não conseguue matar nem uma mosca sequer e fica se revirando todo para ver se ela toma a iniciativa de sair _ Volta o comerciante.
O burro olha para si mesmo e se depara revirando o rabo para afastar uma mosca:
_Não é que eu sou assim mesmo? Mas temos que admitir que matar mosca não é nada fácil... elas fogem! _ Retruca trsitemente.
_E se você deixa os outros montarem em você como se você fosse um burro de cargas, e até se esqueceu que a palavra não existe...
_Eu sou um burro de cargas! _ Exclama o burro.
_E se você é todas as opções acima e mais algumas, eu tenho a sua solução. Adquira já o seu próprio cabresto. Ele é de graça e ainda vem com opções de cor. É a única maneira de não sofrer. Você só verá um caminho à seguir. E para facilitar ainda mais, nós escolheremos o seu caminho. Você não decidirá nada, não verá nada além do que te mostrarmos, e nem ficará com a impressão de que estamos sugando sua mente. Continue neste canal e adquira também o DVD Minha vida com o cabresto.
_É a minha salvação! _ Concluiu o burro."

Se me perguntassem o nome desta cena, eu diria Cena do cotidiano. Todos os dias, bilhões de pessoas ligam a televisão e descobrem as maravilhas do cabresto. Todas as manhãs as pessoas, ainda com o cabresto do dia anterior, saem às ruas para servir de burros de carga. Todos os dias os burros de carga se contentam em afastar momentaneamente as moscas. As moscas no meio do mundo de metáforas que estou fazendo podem ser aqueles problemas incômodos, que têm como prazer nos fazer lembrar que eles existem, os fantasmas do passado, os traumas. Todos os dias eles fazem tudo sempre igual, e aprendem que isso é vida.
Mas o assustador não são as pessoas no cabresto. São aquelas que não conseguem se cegar. São os motivos que deixam o cabresto tão atraente e inevitável. Vamos aos motivos.
1994. Leste Central da África. Rwanda. Naquele ano, em cem dias, foram mortos aproximadamente 800.000 pessoas num massacre histórico, com estupros e torturas partidos da comunidade vizinha a Rwanda, e, em parte, do próprio povo de Rwanda. Hoje os sobreviventes desse massacre tem que conviver dia-a-dia com os assassinos de suas famílias como bons vizinhos, e perdoá-los.
Esse acontecimento não teve repercursão na mídia e somente quinze anos depois foi feito um filme sobre o ocorrido. Queria o povo de Rwanda ter cabrestos.
Em São Paulo, Brasil, as favelas invadiram 950 áreas verdes, deixando a cidade mais árida. Foi a primeira vez que ouvi falar da miséria interferindo diretamente no clima. E mais uma coisa: essas favelas são cadastradas, como se fossem uma nova comunidade. Sem planos para melhorar isso. Não pense que acabou: essa área pode ser maior, afinal, a prefeitura diz que a Heliópolis, na zona sul (a maior favela de todas) não passa de "uma ocupação pequena debaixo de uma ponte na Marginal Tietê". É muita trsiteza para os olhos. É quando ligamos a televisão.
O ser humano criou um mundo próprio que nós não suportamos viver. Nós trilhamos um futuro que não aguentamos seguir. Quem consegue vai a psicólogos, psiquiátras, apela para os pulsos, adquire um cabresto e fica mais tranquilo, como se tivesse feito o suficiente, até liga a televisão. Mas e o resto?
A televisão é uma propriedade privada - no duplo sentido da palavra - e é controlada pelo interesse de quem a lidera. Não somos nós que escolhemos o que vamos assistir. E quem escolhe, escolhe apenas algo que no fim a beneficiará.
A telinha mostra aquilo que o meio em que ela vive acha de bom tom passar, aquilo que acalma um pouco a alma, afasta momentaneamente as moscas.
A televisão em si é algo incrível. Pense bem: uma tela que passa coisas que aconteceram ou estão acontecendo em qualquer canto do mundo, nos informa assuntos mundiais, nos deixa ligados com as mais diversas informações.
Só que não é bem assim. Apenas porque quem manuseia a tv acaba, em sua maior parte, escolhendo manipular a mente de quem a assiste. Não é do interesse das multinacionais divulgar uma passeata contra as multinacionais. Consequência: ninguém fica sabendo. Ninguém ficou sabendo! Essa passeata aconteceu este ano e ninguém ficou sabendo!
A televisão é como o capitalismo: a teoria não é ruim, só que na prática ela é governada por homens. Ela nos manipula. Nos põe cabrestos. E nós? Aceitamos! É mais fácil assim.

by Luiza Chiesa (foxy lady)